Entre o orvalho ,as nuvens e a lagarta

No azul, flutuam nuvens, tão seguras de si, na efemeridade - destino que lhes é inerente .

Primeiro nasceu o orvalho e, da nuvem, foi semente irisada.

Descansa o orvalho na folha verde.

Cumpre sua missão de deslumbramento, de beleza.

Tudo é precariedade na existência do orvalho, que será nuvem, que também será fugaz.

Para a nuvem, vale o instante soberano da experiência do infinito ...

Para o orvalho, vale sentir-se dominado pelos abismos da luz, mesmo num tempo tão pequeno, mas de uma intensidade capaz de eternizar saudades do verde regaço da folha ...

Pela folha, passeia, tão demorada, a lagarta.

Não lhe importa a duração do passeio, em verde caminho.

Será borboleta, precária, também ...

Mas haverá a beleza do vôo breve e multicor, que um instante de Poesia fará eterno ...

E a vida?

Maria Felomena Souza Espíndola