Fazer o Caminho

Nas reuniões mensais promovidas da AACS-Brasil e também nas conversas nas rodas de futuros peregrinos fica claro que todos, ou pelo menos a grande maioria, estão na busca de um objetivo maior que simplesmente chegar até Santiago de Compostela. Aquelas pessoas que vão pela primeira vez nas reuniões citam na sua apresentação que desejam fazer o Caminho em algum momento das suas vidas, contudo, não basta querer - é preciso agir para transformar o sonho em um objetivo, e este em realidade. Daí surge uma palavra-chave: transformar.

Quando eu ainda era uma criança, e até algum tempo depois quando jovem, alimentava um sonho que era ajudar de alguma forma a construir a paz no mundo e de alguma maneira fazê-lo um pouco melhor. Não consegui. Arrastado pela necessidade de subsistência abandonei estes sonhos, em função da atividade profissional que exerci naquela oportunidade. Foi massacrante, e acabei sucumbindo aos meus desejos, sentimo-me subjulgado, por um bom tempo.

Muitos anos se passaram. Hoje sou o senhor do meu destino. E isso aprendi em duras lições do meu primeiro Caminho. Encontrei o verdadeiro sentido da palavra PAZ, que no sentido mais profundo quer dizer “unir”. No caso do Caminho de Santiago, unir dezenas ou centenas de pessoas em um ambiente crítico, representado pelo albergue com a intenção de promover a paz, cujas pessoas no seu estado de plena consciência podem fazer a diferença no mundo moderno em que vivemos.

A violência no mundo nada mais é que o somatório da violência que existe nos corações de toda a humanidade. No mundo contemporâneo projetamos esses sentimentos de angústia, medo, culpa e insegurança no nosso inconsciente que acaba vibrando em sintonia correspondente. Para quebrar esse paradigma é preciso criar um novo. E é somente com a proposta de começarmos uma transformação interna para que a partir daí nos formemos em agentes de transformação no mundo.

Nós temos o poder da escolha – ao que alguns chamam de livre arbítrio -, podemos continuar vivendo no padrão antigo e obsoleto em que vivemos, parafraseando o compositor Zeca Pagodinho (deixa a vida me levar...), ou reinventar uma nova forma de encarar a vida e o mundo que nos cerca.

Tacio Caputo
Enviado por Tacio Caputo em 12/06/2012
Código do texto: T3720313
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