A ex-ministra
(publicada no jornal "Diário da Manhã", seção Opinião do leitor, Goiânia, Goiás, 21-05-1991)
Quando da anunciação da economista e professora da USP, Zélia Cardoso de Melo para o Ministério da Economia muitos a indignaram. Numa carta a outro jornal, eu tratava da sua inexperiência, o que dificultaria o pacto social. Depois de catorze meses, a ministra acabou por sucumbir, não resistindo às divergências, dentro e fora do governo.
Apesar das dificuldades que encontrou ao implantar o Plano Econômico mais ousado de nossa história, enfrentando a classe política, empresários e movimentos sindicais, desempenhou um bom trabalho. Cumpriu sua missão. Deixa o cargo numa boa hora – a inflação sob controle e a negociação da dívida externa encaminhada. No exercício de suas funções mantinha-se sempre num bom humor, principalmente para com a imprensa. Sua equipe também renunciou. Agora muitos lamentam a sua saída!
Como mulher, Zélia conservou sua integridade, embora tendo um romance proibido na Corte. Foi a primeira a ocupar um Ministério de grande importância nos dias atuais – em que há uma crise na economia mundial -; sobressaindo-se bem, por ser social e intelectual. Sendo admirada internacionalmente. Sai como heroína; o que enobrece a mulher brasileira.
Outra razão de sua demissão foi a retomada de seu romance com o ex-ministro da Justiça Bernardo Cabral. Agora eu fiquei “perplexo” foi com o seu desabafo a um amigo: “Jamais trocaria o amor pelo poder”. O que a faz merecedora de tal felicidade. Como ministra, estaria vigiada pelo moralismo e machismo do brasileiro.