UM PEQUENO LIVRO

Um Pequeno Livro 240.891

Sentados em uma agradável e iluminada sala de estar, três pessoas aguardam uma quarta.

Uma quinta pessoa atende às três, ao telefone, enfim, secretaria a quarta, que é médica.

No momento, a médica saiu e faz-nos esperar um tempo que não será longo, obviamente, pois já está havendo um atraso de 30 minutos.

A quinta e a terceira conversam. A primeira lê uma revista, o segundo escreve e vê a capa de uma revista "Veja", onde está estampada a manchete "O Casamento em Crise", mostrando as faces voltadas, uma contra a outra, do presidente Collor e sua senhora Rosane.

A primeira pessoa concentra-se na leitura, algo chamou sua atenção, a terceira e a quarta continuam conversando despreocupadamente e o segundo vai aumentando o texto escrito e descruza a perna que lhe servia para apoio e cruza a outra perna para obter novo apoio. Pára, olha, ouve um ranger de porta. Alguém cruzou a ante-sala e adentrou a um outro ambiente. Na rua uma buzina de automóvel toca.

Diante deste segundo personagem está uma mesa com revistas diversas, uma xícara de café vazia, pois este ingeriu o líquido antes de fumar seu cigarro quase ao ar livre.

Atrás da mesa, uma lareira contendo peças metálicas antigas e pinhões, sem fogo, fria como a peça de mármore que completa o painel da lareira. Nesta sala de estar há a esquerda da lareira um móvel de madeira sobre o qual estão alguns equipamentos de sons desligados. As paredes suportam diversos quadros que parecem lhes dar vida, ornamentando o ambiente.

Acima do abajur há uma poesia espanhola, "Refranero Casero", que contém assertivas úteis a quem as lê. Uma delas diz: " Regala libros! Un bueno libro ayuda a triunfar", a no. 20. Chegam mais três pessoas, a quinta voltou a sua mesa, uma criança conversa com duas das três e parece que a inquietude começa a tomar conta das pessoas. Parece também que o atraso de 45 minutos da doutora atiça a quietude.

A criança deixa de brincar com o gato e entra em sua casa, pois é filha da médica. Somente o vaso com flores, sobre a mesa , continua contemplando o ambiente enquanto o segundo personagem vê acabar o filme de sua máquina de escrever fotografias. Um quadro de rosas tem de ser lembrado!

Tito Vernaglia, aos 21 dias do mês de abril do ano de 2012.