Crítica ao Projetão
(publicada no jornal "O Popular", seção Cartas dos Leitores, Goiânia, Goiás, 29-03-1991)
Nosso Presidente Fernando Collor de Mello, ao lançar o Projeto de Reconstrução Nacional ou Projetão, para avaliação do Congresso e aprovação se for o caso, não está sendo justo com a classe trabalhadora, no que concerne à aposentadoria, isto é, aumentando o limite de idade, de 60 para 65 anos, e excluindo o tempo de serviço. Um motivo de revolta popular.
É uma verdadeira ofensa ao trabalhador brasileiro, na sua conquista ao longo de décadas. É uma injustiça a quem começa trabalhar desde cedo – muitas das vezes por necessidade, enquanto os que eventualmente trabalham terão os mesmos direitos.
Acho que o Presidente Fernando Collor de Mello quer mesmo é acabar com a aposentadoria, ou então torná-la impossível. Pois os poucos que chegam a essa idade já não prestam para mais nada, tendo em vista que a média de vida do brasileiro é de 60 anos.
E parece ter-se esquecido que quem o elegeu foi a classe menos favorecida (os trabalhadores assalariados que sonham com uma aposentadoria justa). Ele próprio os chamava de descalços e descamisados, quando em campanha eleitoral, e prometeu salários dignos, etc. Logo de início, na posse, baixou o Plano Collor com medidas drásticas, como confisco da poupança e congelamento dos salários. Os favorecidos (apadrinhados) retiraram o dinheiro bloqueado. O Plano Collor II veio como um tiro de misericórdia, achatando ainda mais os salários. Agora, o Projetão. Ainda bem que temos parlamentares experientes, que estão além da teoria, que vão aprovar ou desaprovar o que nos for conveniente. Senão essa equipe econômica do Presidente, comandada pela ministra Zélia Cardoso de Melo, já teria nos matado como cobaias!