Menina-vereda

Encontrei meus dias dando ultra-passos. Admiti todo erro para assumir meu rosto lavrado. Em tempos diferentes a gente projeta a gente, descobre nossos “eus” tão infantis, tão adultos, tão mesquinhos, medíocres e magníficos em nosso esconderijo secreto e feito espelho conseguimos nos ver exatamente dessa mesma forma nos outros. Porque todo mundo está circundando. As pessoas buscam ser inteligíveis, exclusivas e perfeitas, mas distante disso tudo somos apenas únicos em um mundo abarrotado de cabeças pensando ao mesmo instante através de teorias já formadas, com descobertas já desfeitas (porque descobrir algo é desfazer de algo) e assim buscamos ser um SER.

Acho uma infelicidade a auto-afirmação, não que eu me exclua (sou imperfeita), mas dela nasce a cegueira, a oportunidade de se dar, de ser melhor.

Claro, existe a minoria para tudo, e para toda minoria eu transformo em platéia sozinha e aplaudo de pé. Admiro. Gosto dos polêmicos, os que me causam rodopios na alma. Gosto das coisas mais estranhas (óbvias) que fazem pensar e questionar.

Tão complexa e novinha estou eu, aqui, buscando o tempo todo me perder para compreender minha existência ou a inexistência da minha capacidade de sobreviver (acho difícil viver) e sinto forte em estar. Se existe algum inferno, acredito habitar nele e dele consigo extasiar e pensar em meu céu que para os outros podem ser o contrário (não sou anjo nem demônio - posso ser pior que os dois).

Um dia quem sabe, poderei ver a vida de cima para baixo ou de baixo para cima, apontado os erros que nem sei quais são. Ou celebrando os acertos!

Saio por aí dando cabeçadas, chutando pedras agulhadas, as feridas são minhas e das cicatrizes vou tomando forma.

Deixo a meninice na fome da maturidade assassinando, arquivando, acelerando meu passado. A tolice é não encarar as dores. Eu olho de frente e admito quando sou a culpada e não quero ser humilde, vítima ou coitada.

Ser pessoa é carregar pesos à toa, sem compreensão mesmo. Ser pessoa é aceitar que não há limites, que não há precipício que seu corpo não alcance, vivo ou morto. Ser pessoa é explorar a mata selvagem que existe dentro da gente, o paraíso, o escuro e caminhar na terra ou no ar, mas ir. É importante deixar a gente sair da gente e também entrar no mais fundo, tão fundo que possamos perder o extravio. Depois de tudo, achar uma rota, escolher e recriar.

Existem tantos paradigmas que busco quebrar mesmo os pára-dogmas, e por isso questiono a moralidade e a corrupção individual, logo em seguida formo minha opinião e ignoro o que não me interessa.

Talvez os absurdos que falo seja compreensível apenas algum dia e para alguns, mesmo que nunca, o que faz falta é eu não manif-estar.

E para falar macio, queria entender o que faz dos sexos sermos mais afinados ou mais grosseiros. Eu sou fina e grossa ao mesmo tempo e sou mulher.

Não preciso fazer sala de saia pra ninguém, quem consegue se confortar em mim do jeito que sou, seja bem vindo e se acomode sempre - de calça, cueca, calcinha, nú, descalço, descabelado, sujo, limpo... acomode-se.

(Na verdade, sou um docinho-de-fel!!!!!)

ps: (Tudo isso que acabei de falar foi só o desabafo de uma menina-vereda. Não sei mais se escrevo poemas, publicidade ou hipocrisia).

Beijos e poesias.