O AMULETO
O Amuleto
Por falar em crendices e superstições, tenho uma estória para contar que trás uma reflexão intrigante.
É tal qual aquela velha questão: “O grilo é verde porque mora na grama, ou mora na grama porque é verde?”
Foi há algum tempo atrás, quando eu trabalhava na Holambra – na época os nogueirenses usavam esta forma de tratamento “na” para referirem-se ao local que já era uma cidade, por guardarem na memória, com um certo orgulho, a lembrança da sua origem de fazenda: “na “ Fazenda Ribeirão - popular Holambra, hoje Cidade das Flores.
Era lá, numa empresa de estufas agrícolas, chamada Van der Hoeven ,que certo dia, quando eu fazia o percurso do ônibus até o escritório, ia caminhando cabisbaixa, quando vi no chão, nada mais nada menos que um enigmático pé de coelho, branquinho e pendurado num chaveiro.
Que sorte era aquela?
Empolgada, recolhi o sortilégio e acalentei-o junto ao peito, entre surpresa e esperançosa. Eu que nunca tinha ganho nada em minha vida, nem mesmo um figo podre. Mas, em poucos dias, esqueci o amuleto e saí em férias.
Estando em casa, recebi num belo dia a visita de uma colega de trabalho, intimando-me a participar de um churrasco de confraternização a ser realizado na empresa, segundo ela, eu não poderia faltar.
Por estar em férias, não tinha a menor vontade de ir, com isso cheguei atrasada. Lá, fui informada de que haveria sorteios durante a festa, mas, como fui a última a chegar, não poderia escolher o meu número de sorte, só restava um, e eu teria que ficar com esse.
Mas, “os últimos serão os primeiros” – argumentou sabiamente, a recepcionista, entregando-me o cartão com o meu número.
A reunião desenrolou-se animada pelo chopp e pela expectativa das surpresas, e no calor das conversações e burburinhos a roleta começou a girar. Muita gente foi contemplada com excelentes prêmios naquele dia, pois nosso patrão era muito generoso.
A cada vez que a roda girava, eu ficava atenta, esperando que saísse para mim, e nada!
Lamentavelmente, por fim, faltava apenas um número a ser sorteado, e era o premio maior.
Então pensei: “Pronto, agora minha chance acabou!”
Mas, aí a roleta zuniu, rodou, rodou, vacilou e finalmente parou bem no número 50, surpreendentemente, o meu número.
E, foi assim que eu ganhei uma viagem para o Rio de Janeiro com tudo pago e direito a acompanhante.
Ora, até hoje me pergunto: Eu tive sorte porque achara um amuleto, ou, achara o amuleto porque ia ter sorte???