DILEMA

Meio cheio. Não. Meio vazio.

Não. Meio cheio. Não. Meio vazio.

Aos 35, de madrugada, sentada à mesa da cozinha, com o queixo apoiado nas costas das mãos observava o copo transparente. A eterna dúvida e a metáfora que aquele copo representava naquele momento, sua vida.

Meio cheia ou meio vazia? Meio cheia de problemas ou meio vazia de soluções? Os olhos continuavam fixos no recipiente de vidro, o coração apertado e a cabeça um rebuliço só.

Meio cheio. Não. Meio vazio. Ihhhhh.

Viu o movimento da irmã caçula entrando no ambiente, descabelada e olhos inchados de sono que sem a menor cerimônia pegou o copo e sedenta bebeu a água até a última gota, sem entender a reação da irmã que ergueu a cabeça com os olhos arregalados e boca aberta, sem conseguir esconder o espanto.

- Eu hein, o que foi? - perguntou a caçula por perguntar.

- Você acabou de beber a minha vida.

- Ih, esqueceu de tomar sua medicação hoje? - Retirou-se e foi dormir, mantendo a porta fechada só por garantia.

Fabiana Telaroli
Enviado por Fabiana Telaroli em 11/03/2012
Reeditado em 11/02/2021
Código do texto: T3547415
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