VIVER E MORRER
Cumprindo a sua trajetória existencial, em meio às opiniões diversificadas, favoráveis ou contrárias sobre a existência de outras vidas futuras, o ser humano nasce e, desde os primórdios da infância, recebe aconselhamentos e sugestões a respeito de religiosidades, as quais, muitas vezes acabam se tornando o alicerce de toda a sua vida futura.
Dependendo das sugestões recebidas, o indivíduo poderá se tornar em tão ferrenho defensor de certa ideologia que, como se tivesse passado por uma lavagem cerebral, ser capaz de agir de forma condenável, no intuito de fazer valer o seu modo de pensar, podendo tanto pregar o ateísmo com perfil de zombaria, como, em outro extremo, brutal e de total ignorância, praticar até mesmo atos criminosos com os semelhantes ou com animais inferiores, em oferendas e rituais ditos divinos, mas que, na verdade, são destituídos de qualquer sentido, numa demonstração de irracionalidade descabida, pior do que a dos próprios animais irracionais.
Além da necessidade de se evitar o extremismo, é necessário o respeito à condição religiosa de cada um e também aos ateus, mesmo porque, são muitos os descrentes no Criador e na existência de outros planos existenciais, mas, na vida prática, são pessoas íntegras, cumpridoras de seus deveres de cidadãos, solidárias e misericordiosas, ao tempo em que, são muitos também os pregadores do amor de Deus que agem contrariamente ao que pregam. São incoerentes e, portanto, desavergonhados.
Não se sustenta por muito tempo as belas e veementes palavras proferidas por religiosos se não forem seguidas de exemplos dignos e iluminados,
Toda essa polêmica tem origem naquilo que nossos pais ou a sociedade impregnaram em nossa mente. Dificilmente encontramos alguém que por si só, individualmente e com serenidade e paz no coração refletiu sobre a sensata realidade das coisas nesse sentido e fez a opção que o seu coração sugeriu.
É profundamente sugestivo pensar que devemos viver o presente com entusiasmo e dignidade, sem preocupações futuras no que tange à existência ou não de outros planos espirituais, na certeza de que, quando a morte for se aproximando, teremos uma das duas vertentes: para os crentes, estaremos mais perto do Criador, e para os descrentes, tudo estará finalmente consumado. É o fim e nada mais virá...
Sábia é a citação de Sócrates de Atenas, o qual, aliás, nada deixou escrito, como a desejar mostrar que mais do que as palavras, os atos e os exemplos ficam. Dizia Sócrates: “se a morte é o fim de tudo, que bom! E se é um reencontro com os nossos entes queridos, que bom também”.