Carta do leitor
(publicada no jornal "Diário da Manhã", seção Opinião do Leitor, Goiânia, Goiás, 04-11-1990)
Um caso de amor entre o ex-ministro da Justiça Bernardo Cabral e a ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello ainda está dando o que falar, com repercussão internacional, e motivo de humor. Os repórteres em vez de lhes indagarem sobre a inflação, a injustiça (problemas de interesse social), indagavam-lhes sobre o romance; que eles descaradamente tentavam esconder a sete chaves, como dizia a ministra, que depois reforçou com mais sete – totalizando catorze. O pior é que, o então ministro da Justiça, além de ser 20 anos mais velho que ela, é oficialmente casado.
Zélia e Cabral esconderam o relacionamento amoroso até as últimas conseqüências. Cabral chegou até alugar um apartamento, no mesmo prédio e andar, para facilitar seu derriço com a ministra e para que ninguém os incomodasse; até aí ninguém desconfiava dos dois.
Mas na ocasião que Zélia viajou para os Estados Unidos para tratar da dívida externa brasileira, Cabral misteriosamente sumiu de Brasília! Foram vistos juntos por um jornalista, que por ventura passeava por lá, a gozo de férias no Central Park, em Nova Iorque. Deram-se mal, logo por quem foram flagrados (quem tem o ofício de esclarecer os fatos, a verdade, em notícias), aí o segredo veio à tona. E na festa de aniversário da ministra, no Clube das Nações, em Brasília, a intimidade de ambos tornava-se pública, perante os 100 convidados que os viam à vontade, se confabulando e dançando ao som do bolero “Besame me Mucho”.
As opiniões se divergem em torno do romance dos dois ministros... Eu, por exemplo, acho que não tem nada a ver, desde que sejam bons profissionais... São gente como a gente, sujeito às paixões. E é um problema particular. Se for caracterizado como crime de adultério, é de iniciativa privada (queixa crime), pois o direito à ação é personalíssimo, ou seja, cabe somente ao interessado acionar ou não a Justiça. E, se a maior prejudicada, a Senhora Cabral, não se manifestou, assistindo a tudo no mais completo silêncio; então, condená-los, por quê?
Mas o Presidente Fernando Collor de Melo não quis nem saber da opinião do público, estava insatisfeito com o Romance dos dois ministros, que se propagava como ponto negativo em seu governo, pois os noticiários da imprensa eram sempre de deboche, e resolve excluir Cabral de seu Ministério.
Comentava-se que a ministra Zélia também seria demitida. Não passou de boato. Zélia é o braço direito do Presidente Collor na economia do País. Quem levou a pior foi Cabral, que além de perder o cargo de ministro, fica sem mandato de parlamentar, pois não fora candidato à reeleição, e por isso, volta de mãos abanando para casa. Há não ser que peça um emprego para a ministra Zélia – o que seria muita humilhação.