ÚLTIMA PALAVRA

Foi numa tarde chuvosa, às vésperas do Natal de 1998, mais precisamente às 16h30min, do dia 16 de dezembro, bem me lembro. Estava na Faced, exercendo o cargo de Superintendente, todo empolgado com as reformas do velho prédio e com as conclusões do Auditório, quando o Lúcio, antes de voltar para Belo Horizonte, resolveu dar uma passadinha por lá, para uma breve visita e se despedir de mim. Foi a primeira e última visita. Ele ficou admirado com as mudanças e gostou muito do auditório. E quando usei o som, exibindo, disse: “aluno inadimplente é aluno ...”, ele se espantou, exclamando “Nó, pai!”

Depois fomos tomar café e ele ainda abraçou a Adenízia todo sorridente. O tempo foi fechando, armando uma chuva daquelas. Lúcio precisava ir, pois tinha uma reunião importante no Colégio Padre Machado e não consegui demovê-lo a ficar para o dia seguinte. Acompanhei-o até à Portaria, abraçamo-nos carinhosamente, e ele disse ao meu ouvido: “tchau, paizão!”

Depois que atravessou a rua e ia abrir a porta do carro, eu disse: “o Gol , como está, Lúcio?” - ao que ele me respondeu: “REDONDINHO!”

Esta foi sua última palavra!

Nunca mais o vi, nem ouvi sua voz!

(Antônio Rodrigues - 2005)

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 13/01/2007
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