Brancos e nulos
(publicada no jornal "O Popular", seção Cartas dos Leitores, Goiânia, Goiás, 18-10-1990)
Pelo que se viu nas urnas em Goiás, e ainda se pode ver em outros Estados, onde haverá segundo turno, é grande o número de votos nulos e em branco. Em alguns Estados, esses votos de protesto chegam a superar os primeiros colocados para governador e senador. Nunca, outrora, tamanha ousadia desses eleitores. E não é para menos! Pois, apesar da grande quantidade de candidatos, tem-se pouca opção para o sufrágio, principalmente para deputados.
Tais candidatos – que são uma maioria, mas que mancham toda a classe -, além do baixo nível de alfabetização, não sabem o que falam, o que pensam, são vazios, alheios à realidade, à necessidade de um povo; com certeza serão maus representantes, incapazes de apresentar ou de discutirem sequer um projeto. Estão mesmo interessados são nos altos salários, no poder, nas regalias e de poderem beneficiar parentes e amigos, que por isso fazem de tudo para se elegerem, até dinheiro público entra na jogada, contrariando normas do TSE e TRE. Para esses politiqueiros, eleição tornou-se um investimento, onde poderão ser vistos por cima da miséria de um povo, que padece de fome e de tantos outros males.
Política é fundamental para uma sociedade que procura se ajustar nos caminhos da democracia; mas hoje em dia, virou uma corrupção, um negócio milionário de grande atratividade. Precisamos acabar com esse mal, com essa afronta à nossa “Ordem e Progresso” e dar um basta nesses politiqueiros. Como, se estão disfarçados de salvadores da pátria? Ora, com o voto, nossa valiosa arma – votando certo no candidato certo, desmascarando esses falsos políticos.
E, na próxima eleição, que será para prefeito e vereadores, a realizar-se daqui a dois anos, vamos para as urnas depositar nossos votos em candidatos sérios e comprometidos com nossas raízes; não vamos vender o voto nem deixar que nos enganem com promessas milagrosas. Também não vamos votar em branco nem anular o voto, nem tampouco abster, pois estaríamos abdicando de uma conquista: o direito de participar nas decisões do Estado, escolhendo nossos representantes.