Reforma agrária
(texto publicado no jornal "O Popular", seção Cartas dos Leitores, Goiânia, Goiás, 11-10-1990)
Por todo o Brasil fala-se muito em reforma agrária, mais ainda em época de eleições. Não passa de demagogia, pois não é fácil fazer uma reforma agrária num país como o nosso, tomado pela especulação imobiliária e por um capitalismo selvagem, onde ninguém quer e nem sabe trabalhar, em se tratando de agropecuária, ainda mais sem incentivos e sem fomento por parte do Estado.
Já até houve casos de reforma agrária que não serviu como exemplo, que não passou de uma invasão, explorada pelos especuladores. Pois não teve uma seleção nem a viabilidade do homem com a terra – pessoas sem condições para tais atividades agropecuárias. Para dar certo, é preciso que haja estrutura, como escolas agrotécnicas, financiamentos, comercialização das safras, etc., junto com infra-estrutura de assentamento de famílias, condições dignas de vida, como moradias, eletrificação rural, assistência médica, etc.
Reforma agrária se faz também com uma política agrícola, de evitar o êxodo rural de dar condições ao pequeno e médio agricultor, para que esses de desenvolvam e permaneçam em suas atividades. Pois, tem muita gente por aí que tem terras, mas que não tem condições nem de plantar.
No meu ponto de vista, reforma agrária deve ser um conjunto de medidas que realmente atendam aos interesses de uma Nação. No tocante à distribuição de terras: selecionar e especializar em atividades rurais todo cidadão que se achar para esse fim; promover o êxodo urbano, com o retorno de desenvolvimento ao produtor rural, evitando, assim, o crescimento acelerado das cidades. E, por fim, alimentos mais baratos para toda população. Mas, para isso, é preciso que ela seja justa, honesta, econômica e social.