25- CRONICANDO: CHICO E ZÉ EM: A Outra

CHICO E ZÉ EM: A Outra

Chico: Ôpa, como vai, Zé?

Zé: Tranqüilo. E as novas?

Chico: Rapaz, eu nem te conto, arrumei uma namoradinha...

Zé: Sério?

Chico: É rapaz, não tô dizendo.

Zé: E a Vera?

Chico: Que é que tem Vera?

Zé: Não é a tua mulher?

Chico: É...

Zé: E essa outra é o quê?

Chico: Namorada!

Zé: Agora deu ... Tu tá doido homem, onde foi que já visse uma coisa dessas? Homem casado com namorada por fora, já já tu vai querer arrumar uma noiva, uma amante e uma concubina.

Chico: Ai Zé, só sei que não sei mais de nada. Estou mesmo é apaixonado. É uma ruivinha, dezoito anos, de família rica. Era virgem, peitos firmes, cochas bem torneadas, é avantajada em tudo...

Zé: É mesmo? Prefiro que você não me conte mais nada para eu não ser cúmplice dessa coisa, desse... Desse... Adultério!

Chico: A-dul-té-rio? Mas Zé, logo tu que nunca fugites da raia. Tava até pensando de ajeitar uma priminha dela para tu...

Zé: Você falou bem, nunca fugi, mas agora fujo. Quero é distância de encrenca, mal posso com a que tenho, imagina mais outra.

CHICO: Mas homem, não sabia que tu estavas ficando velho e frouxo...

ZÉ: Que frouxo que nada, pense comigo, tu já traístes comadre Vera alguma vez?

CHICO: Não.

ZÉ: Só agora?

CHICO: Só.

Zé: Então pra que isso homem de Deus?

Chico: Ví na novela!

Zé: Homem, e se o artista pular da ponte com uma pedra amarrado nos pés e um saco na cabeça? Tu faz a mesma coisa, é?

Chico: Mas claro que não. Só peguei uma mulher mais nova porque é uma coisa boa. Nada como reviver o velho friozinho na barriga. Namorar nas esquinas, passear de mãos dadas... Coisas que depois de vinte anos de casados a gente não faz e nem sente mais.

ZÉ: E tu achas que depois de vinte e tantos anos de casado tu vais conseguir trair comadre Vera?

Chico: Não vou não o quê?

Zé: E como tu vai fazer isso? E tu pensa que Vera não vai ficar sabendo? Saber não, Descobrir! Ela vai é descobrir.

CHICO: Mas por que tu achas que eu fui arrumar a outra numa cidade bem longe, homem?

ZÉ: Chico, pela caridade. Tu disseste que ela era ruiva, foi?

CHICO: Era não, é.

ZÉ: Então Chico, tu achas que existem quantas ruivas aqui na Paraíba?

CHICO: Sei lá.

ZÉ: Deixe que eu te conto. Existem três, uma na capital, outra em Campina e essa tua. Se fosse pelo menos uma mulata, negra, até uma branquinha, mais logo uma ruiva. A comadre Vera vai achá-la. E ai de você!

CHICO: Acho isso im-pos-sí-vel.

ZÉ: Outra coisa.

CHICO: O quê?

ZÉ: A família dela é rica, é?

CHICO: É rapaz, rica até demais. Casarão na capital, fazendas, carros importados...

ZÉ: E tu?

CHICO:Eu?

ZÉ: Tu é rico também?

CHICO: Claro que não.

ZÉ: Se a menina é rica, e só vive no luxo, tu vai conseguir mantê-la no padrão de riqueza?

CHICO: Mas por enquanto me ela não pediu nada...

ZÉ: E quando pedir?

CHICO: Eu acabo.

ZÉ: Simples assim?

CHICO: Comigo é assim.

ZÉ: E tu acha que uma mulher aceita ser rejeitada assim tão fácil? Ela vai infernizar a tua vida. Tirar o pouco que tu tens entrando na justiça. Tu pode inclusive ser preso e, de quebra, tu ficar sem a comadre, que hoje mulher nenhuma aceita ser traída sem dá o troco, ou tu pensas que a comadre também não assiste novela de putaria. Tua família vai ser destruída, teus cinco filhos vão morar com um homem estranho, e a ruivinha com outro namorado caminhando de mãos dadas e namorando nas esquinas sentindo friozinho na barriga. E tu? No presídio! E tu sabes o que eles fazem com homem safado lá, não sabe?

Chico: Rapaz, não é que eu ainda não tinha pensado nestas coisas .

Zé: Pois é meu amigo, é melhor você pensar e tomar uma atitude. E quer outro conselho?

Chico: Hum...

Zé: Depois te falo, a comadre Vera tá vindo ai. Disfarça, disfarça.

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 07/01/2012
Reeditado em 25/11/2022
Código do texto: T3427627
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