NATAL

Sentei aqui pretendendo escrever uma mensagem bonita para vocês, mas não tem santo que me faça ver sentido no natal. Não quero questionar fé nem festa de vocês, longe disso, eu adoro festa, vocês sabem. Mas o fato é que nasci com o corpo fechado pro tal espírito natalino. O Ano Novo, vá lá, tem um quê de renovação e realinhamento de rumo.

Minhas irmãs dizem que eu sou deprê: na música, nos poemas, nas roupas, falam que nasci com 50 anos...deve ser verdade mesmo. Acho o Papai Noel ridículo (um cara cujo carro é puxado por veados!), acho o natal colorido demais, brega demais e, perdoem seu amigo, hipócrita. Age-se como se na noite de natal se instaurasse uma panacéia universal. É preciso garantir um natal com brinquedos e sem fome para todos.

E o resto do ano cacete?!?!

Ahh...Mas o resto do ano não é natal! O espírito natalino dissipou-se! Volta-se a ser indiferente com as fomes alheias.

Seria ótimo diluir o espírito natalino ao longo do ano, mas isso não acontece. Todo ano instala-se uma crise de hipocrisia universal e iluminamos praças cheias de drogados e mendigos, levamos crianças pra tirar fotos com um cara fantasiado de palhaço obeso que deve estar puto da vida sob aquela roupa ridícula. Presenteia-se o colega filho da puta e dá-se o abraço mais hipócrita do ano. As músicas são um caso à parte: repetitivas, ridículas, estridentes, irritantes!

Não é iconoclastia não, mesmo porque não é uma festa religiosa, é constatação dos fatos. Eu estou meio sem inspiração hoje, só queria meter o pau no natal mesmo.