Amor Pra Recordar ( em substituição À Luz de Velas, atendendo a ímpar sugestão do companheiro Baianeiro.
Amor Pra Recordar
Foi assim... Faz tempo! De mansinho, aproximou-se aquele que seria o primeiro Amor e que o tempo, embora Machado o chame de trapeiro, jamais destruiu. Não vivo de saudade, cultivo-a no coração e quando quero bato à porta dele e vejo como foi intenso o que vivi. Ele é a luz do bem, do que lado encantado que a vida nos traz.
Naquele dia, naquela casa modesta, na qual minha mãe atendia pensionistas, faltara energia elétrica; desculpa para que o infinito confirmasse a grandeza, abençoada, do primeiro Amor. No alto de uma tosca escada, ainda me lembro do sorriso dele, que para mim transmutava-se na felicidade sublime. O silêncio eloqüente, os olhares trocados, o sabor inesquecível do primeiro beijo. Era um amor puro, às escondidas, pois minha mãe não queria.
Ele bem mais velho. Eu, dezesseis para dezessete anos. O tempo não cessa, mas não posso esquecer o quanto construiu a presença daquele jovem, na minha vida. Eu percebi, nas pedras dos caminho, que ele era o meu caminho. Uma fé em dias melhores. A certeza de que Deus o enviara.
Antes, eu já o atendia, após a Escola Normal (às vezes, ainda de uniforme). Ele falava de tudo e minhas respostas o faziam franzir a testa, mas ria e, a seguir, encontrava outro argumento, que eu sempre retrucava, enquanto não chamada atenção por minha mãe por estar dando atenção demais só a ele. Eu baixava os olhos e fazia o meu trabalho.
Um dia, ele pegou uma flor, de um lilás incomum, de uma beleza rara. Não era uma orquídea. No entanto, no lugar, proliferavam flores e a natureza espargia seu perfume. Era nossa companheira e tudo sabia. Essa flor, eu a guardei por longos anos, entre páginas que já escrevia e que, mais tarde rasguei.
A despedida era só com o olhar. Nada mais.
Por algum tempo assim aconteciam os nossos encontros. Certo dia, véspera de Natal, recebi a notícia de que um acidente o levara. Ele, que era economista, trabalhava como caminhoneiro, por questões de família. O pior recebi a notícia de meu padrasto e de minha mãe. Ambos não estavam tristes. Pareciam que tinham eliminado um obstáculo do caminho, não por maldade, mas pela cultura que tinham. Eu nunca esqueci (sem mágoa) aqueles semblantes.
O importante é que eu tive a oportunidade de viver um sentimento único!
Rogo a Deus que a todos auxilie em seu primeiro Amor. Ele ainda existe, pois, ainda este ano, consolei (se consegui) secar as lágrimas de um aluno meu de dezessete anos, que chorava por ter terminado com sua bela amada.
Amor Pra Recordar
Foi assim... Faz tempo! De mansinho, aproximou-se aquele que seria o primeiro Amor e que o tempo, embora Machado o chame de trapeiro, jamais destruiu. Não vivo de saudade, cultivo-a no coração e quando quero bato à porta dele e vejo como foi intenso o que vivi. Ele é a luz do bem, do que lado encantado que a vida nos traz.
Naquele dia, naquela casa modesta, na qual minha mãe atendia pensionistas, faltara energia elétrica; desculpa para que o infinito confirmasse a grandeza, abençoada, do primeiro Amor. No alto de uma tosca escada, ainda me lembro do sorriso dele, que para mim transmutava-se na felicidade sublime. O silêncio eloqüente, os olhares trocados, o sabor inesquecível do primeiro beijo. Era um amor puro, às escondidas, pois minha mãe não queria.
Ele bem mais velho. Eu, dezesseis para dezessete anos. O tempo não cessa, mas não posso esquecer o quanto construiu a presença daquele jovem, na minha vida. Eu percebi, nas pedras dos caminho, que ele era o meu caminho. Uma fé em dias melhores. A certeza de que Deus o enviara.
Antes, eu já o atendia, após a Escola Normal (às vezes, ainda de uniforme). Ele falava de tudo e minhas respostas o faziam franzir a testa, mas ria e, a seguir, encontrava outro argumento, que eu sempre retrucava, enquanto não chamada atenção por minha mãe por estar dando atenção demais só a ele. Eu baixava os olhos e fazia o meu trabalho.
Um dia, ele pegou uma flor, de um lilás incomum, de uma beleza rara. Não era uma orquídea. No entanto, no lugar, proliferavam flores e a natureza espargia seu perfume. Era nossa companheira e tudo sabia. Essa flor, eu a guardei por longos anos, entre páginas que já escrevia e que, mais tarde rasguei.
A despedida era só com o olhar. Nada mais.
Por algum tempo assim aconteciam os nossos encontros. Certo dia, véspera de Natal, recebi a notícia de que um acidente o levara. Ele, que era economista, trabalhava como caminhoneiro, por questões de família. O pior recebi a notícia de meu padrasto e de minha mãe. Ambos não estavam tristes. Pareciam que tinham eliminado um obstáculo do caminho, não por maldade, mas pela cultura que tinham. Eu nunca esqueci (sem mágoa) aqueles semblantes.
O importante é que eu tive a oportunidade de viver um sentimento único!
Rogo a Deus que a todos auxilie em seu primeiro Amor. Ele ainda existe, pois, ainda este ano, consolei (se consegui) secar as lágrimas de um aluno meu de dezessete anos, que chorava por ter terminado com sua bela amada.