O olhar mágico e eterno de almas gêmeas

Nos mistérios diários que a vida tem, a felicidade é o ser mais fugidio na existência humana. Bala entre nós. Mostra-se fugazmente. No entanto, quase nunca permanece em uma morada por muito tempo. Aliás, os dois são parceiros em tudo

Isso acontece e nos passa despercebido.

Um dia, já separada, fui convidada por um Amigo (com maiúscula por um dos maiores e melhores que já tive e ainda tenho) para irmos ao parque com as crianças. Ele também separado, com dois filhos e cargo superior. Eu, com um apenas, mas em alta ocupação também.

Era em Brasília. Cidade diferente, sem calor humano, na época. Foi, contudo, um momento mágico. Uma alegria ímpar. Éramos crianças, feridas, em meio a crianças no lúdico. Momentos que gostaríamos de ter roubado ao tempo, no resgate eterno. Impossível!

Muitas vezes fizemos isso. Quantas vezes jantamos em finos restaurantes, falando de tudo e de nada. Rindo às lágrimas até de bobagens. Era perfeito. Os sorrisos. Os brindes, mas principalmente o olhar quando se encontrava era de magia – mas éramos somente Amigos. Maravilhoso, senão triste. Nada compreendíamos!

O tempo passou. Vim para o Rio. Ele veio várias vezes. Eram conversas que transpuseram o tempo, pois ainda ouço a sua voz e o seu sorriso. Eram sugestões e conselhos. Éramos crianças de mãos dadas. Apenas isso! Apenas? Adultos felizes e não sabíamos...

Um dia, em um almoço à beira-mar (da cor dos olhos dele), ele disse:
- Vou casar-me, mas chorava e dizia, preciso dar uma família a meus filhos. Você veio...
- Eu abracei chorando e assim ficamos eternos minutos.
Naquele instante - tão tardio – percebi que éramos muito mais do que Amigos. Almas gêmeas que deixaram a felicidade fugir.





Luandro
Enviado por Luandro em 30/11/2011
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