Por que Zélia
(publicada no jornal "O Popular", seção Cartas dos Leitores, Goiânia, Goiás, 13-03-1990)
Como estamos numa democracia, através deste conceituado jornal, seção Cartas do Leitor; venho enunciar que fiquei perplexo quando o nosso Presidente eleito, Fernando Collor de Mello anunciou em cadeia de rádio e televisão, a economista Zélia Cardoso de Mello como futura Ministra da Economia. Na atual conjuntura em que o Brasil se encontra, uma mulher num Ministério é de grande relevância, caso inédito, inclusive nas Américas. Por que essa probabilidade? Acho que não foi uma escolha ideal para nós cidadãos brasileiros; esperávamos mais... Não tenho nada contra as mulheres nem tão pouco contra a pessoa de Zélia. Não se trata de discriminação, mas do futuro do nosso País.
Para um Ministério, principalmente o da Economia, é preciso de uma pessoa influente e de muita experiência. Pelo visto, a futura Ministra não passa de uma solteirona, sem entrosamento político, nem tão pouco administrativo. Não basta ser formada em Economia. E, além do mais, nesse campo, os homens levam vantagem.
Como dizia ao atual ministro da Economia, Maílson da Nóbrega, a crise econômica de País não é administrativa, mas, sim, de ordem política, por falta de apoio do Congresso Nacional, onde os planos eram barrados. Que um Governo para dar certo é preciso de maioria de parlamentares, onde as classes dos empresários, sindicalistas, agricultores, etc. são bem representadas, o que não foi possível acontecer no Governo dividido do presidente Sarney. Mas a verdade é que Maílson não tinha e não tem influência política.
Sei que uns e umas vão me julgar, que na Inglaterra, Filipinas e Paquistão são dirigidos por mulheres. Não tem nada a haver uma coisa com outra. É diferente ser Chefe de Estado, onde as atribuições são formais e executivas, do que Ministro de Estado, onde as atividades são informais, argutas em negócios. Como toda regra, há exceção, mas não devemos arriscar, e... já arriscamos.
Quanto a Zélia, poderia ser compensada de uma outra forma. Por exemplo, ocupando um Ministério de menos importância ou, então, uma Secretaria qualquer.