A VONTADE SEM FORÇA
Desde os tempos mais longínquos, aos nossos dias atuais, há escritos e discursos que enfatizam com eloqüência desmedida, a máxima de que, “com vontade, tudo se consegue”.
Se lançarmos um olhar investigativo às diferentes e mais diversas classes sociais, chegaremos à conclusão – pois é claramente notória - que, para ser um vencedor, é necessário sim, primordialmente, uma vontade extremamente arrebatadora, uma luta incessante e, mesmo no enfrentamento da dor e dos inevitáveis obstáculos, a persistência, o aguerrimento e a fé inabalável nos objetivos, cujas atitudes sempre foram as marcas indeléveis daqueles que mais marcaram a história da humanidade, cujos feitos proporcionaram e proporcionam ao homem, uma vida mais digna, pautada no desenvolvimento em todas as esferas sociais, com a sustentabilidade necessária no intuito de beneficiar de maneira cada vez mais crescente, as gerações vindouras..
Entretanto, fica claro também que, embora haja exceções e são muitas, por mais vontade que se tenha, esta não é tudo para a conquista dos nossos sonhos. É preciso algo mais, além dos bons ventos da sorte. Lembremos que o próprio viver com saúde é graça recebida, aliás, a maior de todas as graças.
Comumente vemos pessoas bem sucedidas financeiramente que pouco fizeram para merecer suas benesses e privilégios, enquanto presenciamos muitos talentos perdidos em sombrias periferias. A diferença está na divergência das amizades e na sabedoria. Aqueles que são apadrinhados ou tiveram a felicidade de ser bem nascidos, indubitavelmente desfrutarão de muito mais benefícios e regalias, terão os seus projetos de vida realizados, podendo assim desfrutar de forma bem mais abrangente dos prazeres que a vida pode proporcionar. A outra classe, por sua vez, mesmo contando com elementos possuidores de extremo caráter e inegáveis talentos, não terão como alavancar-se para empreender missões grandiosas e elogiáveis. Falta-lhe não inteligência, mas sabedoria para abraçar oportunidades ou, o que é mais notório, a “força” de amizades privilegiadas.
Sabemos que faz parte da natureza humana, o desejo de progresso, a amplitude de conhecimentos, a vontade de ser útil e ser admirado. Assim sendo, não podemos atribuir falta de vontade aos subnutridos, de origens extremamente humildes, desprovidos desde o nascimento,de assistencialismos essenciais como educação e saúde.
Todos têm vontade, mas a maioria do proletariado é infausto, falta-lhe sabedoria para abraçar oportunidades, mas, primordialmente, a “força” dos privilegiados e bem nascidos, sem a qual, a vontade tropeça pelas esquinas da vida. E os desejos são bloqueados, como algemas cruciais nos pulsos só dos humildes.