DIA DE FINADO

José Ribeiro de Oliveira

Hoje é dia de finado. Finados? Sim, dia dos que findaram seu ciclo de vida na terra. Daqueles que cumpriram sua missão neste planeta e dele partiram para nunca mais voltar. Mas aqui deixaram seus parentes, amigos, inimigos, feitos, e ainda alguns projetos inconclusos. Deixaram saudades, alguns compromissos não cumpridos, vez que a partida é sempre apressada e não programada. Deixaram suas coisas, sentimentos, tudo abruptamente abandonado na hora da partida. Mas para onde será que partiram? Para esta pergunta não existe resposta! É certo que estamos cercados por fortes sentimentos religiosos ou espirituais que nos confortam com a promessa de um novo ciclo de existência, em algum lugar, sob nova ordem, conforme a vida vivida, sofrida e subtraída aqui na terra. Pelas vias desses ensinamentos, um rumo terá nossas almas: o purgatório ou os jardins celestes. Certos esses destinos, por que não temos oportunidade de saber com antecedência para onde vamos? Não é justo partir sem saber para onde ir. Também não é coerente presumir o destino pelos simples atos aqui cometidos, vez que, pela mesma doutrina, há a possibilidade do perdão aos nossos pecados. Mas como saber se fomos ou não perdoados e assim conhecermos o destino que nos espera? Isto seria bom para exemplo daqueles que aqui ficam. A complexidade da vida na terra é por demais ingrata. Há contradições entre o certo e o errado, segundo o entendimento do indivíduo e a situação que se lhe apresenta. Ademais, aliado a isso tudo, existem os sentimentos, as sensações, as angustias, os prazeres, tudo colocado à nossa volta para provação. Humanos que somos, em razão da própria matéria que nos constitui, somos enfraquecidos por tamanha carga de emoções e levados à prática de atos sob o domínio unicamente da matéria – a carne. E isto deve ser levado em conta. Por outro lado, uma vida apenas, é insuficiente para o aprendizado da própria arte de viver, de conviver, e quando se acumula alguma experiências, geralmente no avançado da existência, pouco tempo ainda resta para as mudanças que se queira programar. Além da negação da oportunidade, numa nova vida, aqui mesmo, nenhuma notícia se tem do mundo além morte. No mundo globalizante, a comunicação é imprescindível à modernidade. Neste dia, em que os extintos são lembrados por todos nós, ainda sentidos com a partida, quão bom seria podermos nos encontrar, ainda que por alguns minutos, para matarmos a nossa saudade, ao mesmo tempo em que poderíamos trocar informações sobre os nossos mundos, só assim, com as nossas experiências, poderíamos dar uma grande contribuição para o crescimento humano, e por conseguinte, um aprimoramento espiritual. Fica aqui a nossa reflexão e reivindicação.

Professor José Ribeiro de Oliveira
Enviado por Professor José Ribeiro de Oliveira em 02/11/2011
Reeditado em 02/11/2011
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