Ressurreição

Páscoa triunfo da vida sobre a morte

Os homens gostam de celebrações!

De certa forma, os cerimoniais, os ritos em geral, marcam nossa passagem pela vida; registram a história de modo que no futuro possamos calcular e admirar as grandes transformações ocorridas através dos tempos.

Este é o propósito da vida: crescimento, evolução. Podemos estacionar, por anos, até por séculos, mas, não existe retrocesso.

Existem sim, vários pontos nocivos ou crenças adversas que impedem particularmente nosso progresso espiritual e bem-estar. Há que procurá-los em nossa intimidade e os transformar, eliminando assim o desconforto, o desamparo, a ilusão de separação... Nossa separação de Deus, da Perfeição, de todo O Bem.

Mas, o preço é a morte!

Porém, se entendermos, veremos que o jugo é leve – “...Meu jugo é leve...”. A morte de que falo é a morte do ser corrompido, de nossas sombras, para resumir: de tudo o que for desamor.

A semente do trigo tem que se decompor, morrer, para renascer e produzir o trigo.

Há entretanto, uma enorme dificuldade em se compreender que, para evoluir, ninguém precisa tornar-se santo, mas, apenas ser uma pessoa normal. A criatura religiosa pode não ser necessariamente espiritualizada. Porque muitas religiões são verdadeiros catálogos de modelos e regras que dizem como se deve viver ou se comportar. Por isso, as pessoas ficam presas a uma infinidade de preceitos impostos, enquanto que o ser espiritualizado pensa e age por si mesmo e faz voluntariamente as coisas em seu cotidiano. Reforma íntima planejada e imposta não transforma, somente artificializa. A ressurreição do nosso Eu Perfeito, do Cristo em nós tem que se dar por amor.

É uma visão muito estreita considerar a Ressurreição de Cristo como mero fenômeno extraordinário acontecido há 2000 anos na Judéia. O verdadeiro significado da Ressurreição de Jesus Cristo é o despertar e ressuscitar do Cristo que aloja no fundo da alma de toda a humanidade, do Cristo interno que dormia até o momento. É o que devemos ressuscitar na consciência: a ave dourada da alma humana.

Mas, a ave tem que morrer, consumida pelo fogo - o fogo do amor - e renascer das cinzas numa nova ave dourada, é assim na lenda:

Conta a lenda que a Fênix ao fim de uma época quando sente a aproximação da morte, constrói uma pira, onde coloca as mais doces iguarias e canta uma canção de rara beleza.

Os raios do sol incendeiam o ninho , e tanto este como o pássaro são consumidos pelas chamas. Das cinzas emerge uma larva que depois se transforma em outra Fênix...

A Fênix foi rejeitada como fato, mas ainda vive na memória, como símbolo da renovação.

O Redentor, foi comprovado como fato, e simboliza o amor – vitória da Luz sobre as sombras. Ele morreu e ressuscitou para que tivéssemos vida - desapego, morte e ressurreição – uma simbologia para nos ensinar o caminho.

Páscoa é renascimento, ou não. Depende de cada um...

Jesus já foi ressuscitado! Por nós, mas... e em nós?...

Maria Barreto: Membro da ANL - Academia Nogueirense de Letras

Maria Barreto
Enviado por Maria Barreto em 23/10/2011
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