A falta de informação

Aos meus sete anos, minha mãe me pegou brincando de casinha com Um primo de sete anos também. Estávamos abraçadinhos e Nus. Lembro-me da expressão de horror que vi no rosto da minha mãe

E ela me bateu muito, mas muito mesmo e a vizinha dela, ao lado

Falando coisas horríveis, na vila só morava a gente e uns poucos

Parentes, lá não tinha televisão. Tinha um rádio apenas, não tinha energia nem água encanada. enfim, era tudo muito rudimentar

A tal vizinha falava, que eu nunca mais seria moça, (virgem,)

Pois quem brincava com meninos da quele jeito ali quando crescesse, Não teria mais honra (Virgindade) não seria moça, pois bem, assim fui

Crescendo, com essa certeza de que nunca seria uma moça igual às Outras, eu não era mais virgem, pelo que me dizia aquela enviada do

Inimigo, eu pensava: Jamais vou me casar, pra que eu não seja descoberta. Na adolescência, sentada às vezes, na calçada da igrejinha a observar o vôo das andorinhas, às vezes eu pensava: Como seria bom, se um dia eu pudesse entrar nessa igrejinha vestida de branco de véu e grinalda, levada pelo meu noivo, que desde os treze anos o amava em segredo. Mas sabia que por medo eu não poderia. E ajudando o meu pai no engenho e na roça eu passava os meus dias calada, triste, e sufocada em meus medos, inseguranças e dúvidas, mergulhada num mundo triste e muito só, pois meus pais não conversavam comigo. Apenas me batiam, não os culpo, eles foram criados Assim. Aos dezessete anos, comecei namorar o rapaz que já o amava era parente da minha mãe, mas, o namoro era proibido pelas duas famílias apanhei muito, foi quase uma tragédia. Ele me chamava pra fugir, mas eu tinha medo que ele descobrisse o meu segredo. E fui me recolhendo ao meu quarto, não queria mais sair de lá, nem falar com ninguém, não sentia vontade de comer, quando eu ouvia alguém falar, la na sala, doía o meu coração. Era como se eu estivesse dentro de um túnel escuro e a pessoa que falava estava fora, só que eu queria morrer e não ouvir mais a voz de ninguém. Apenas o que

estava no meu subconsciente e por fim, tentei suicídio. Minha mãe chegou na hora e a nossa luta foi dolorosa, uma mãe desesperada

Tentando salvar sua filha da morte por outro lado, uma filha desiludia, decida a não mais viver. Ela queria tomar o vidro de veneno que Estava já em minhas mãos, mas eu não iria devolver. Já tinha

Escrito cartas, de despedida, já estava decidoa, até que ela já cansada de lutar comigo falou: ô minha filha, Não faça isso comigo,

Se não for por você, que seja por mim, pois eu não vou suportar.

Nessa hora eu parei de lutar com ela abri a mão e lhe entreguei o Vidro de veneno, me abracei com ela implorando pra que ela me Ajudasse. Logo em seguida meu pai chegou em casa e foi me interrogar. Com uma expressão de quem iria me fuzilar

Achando que o meu namorado que ele tanto odiava, havia tirado

A minha virgindade. Eu tinha medo de falar ainda do abraço dos

Sete Anos, sabia que ele não iria acreditar em mim, disse então

Que tinha tido um sonho em que uma alma havia me falado que

Eu não era mais virgem. Ele não acreditou em mim, óbvio. Mas com

O clamor da minha mãe, meu pai me levou até uma cidadezinha

Mais próxima, (Dom Pedro Ma) para fazer o tal do exame de conjunção carnal. Na quele dia, durante À viagem ele não olhava para mim, Chegando la o médico exigiu uma ordem do juiz para realizar

O exame. Mas meu pai falou com ironia: Que não tinha homem envolvido e sim uma alma. E explicou o que tinha aconteciodo e em seguida falou: Eu quero que o senhor examine ela, eu pago o que for preciso, quero saber dessa história direito. Enfim, me levaram

Pro consultório. O pior foi lá na hora, Meu Deus! Que constrangimento Que vergonha eu tive de ficar da quela forma e quando o médico Estava fazendo o exame eu sentir dor. Então pensei: Pronto, esse médico acabou de tirar o resto de virgindade que por ventura eu

Ainda pudesse ter. Quando apareci na porta do consultório meu pai Arregalou os olhos estava Inquieto. Apavorado, então o médico lhe falou: Sua filha é virgenzinha do jeito que nasceu. Meu pai mudou a Expressão do seu rosto abriu um sorriso e me abraçou pedindo perdão. Fingi um sorriso, e pensei, Muito confusa: Eu era virgem durante todo esse tempo e não sabia e agora que descubro que sou, vem à dúvida de que já não sou, porque quando esse médico fez esse tal de exame e eu senti dor, se eu soubesse que seria assim, não teria ido agora mesmo é que acabou toda a minha virgindade foi como tirar um fardo de cima de mim e colocar um outro. Senti um breve alívio depois, confusão. Foi muito triste. E o meu Pai falando: Deus sabe como eu estava me sentindo, mas enfim, com o passar do tempo, acabei me conformando com a situação, depois que comecei pensar que um médico poderia saber o que estava fazendo. Se não, não seria médico. Meu namorado descobriu que o meu pai me Levara pra fazer esse Exame. Eu contei a ele o motivo, mas ele não acreditou em mim e terminou o noivado e eu fique falada na quele lugar e o mundo desabou de vez sobre minha cabeça. Fiquei soterrada, em meus próprios escombros como se tivessem me quebrado em vários pedacinhos me sentí humilhada e abandonada pelo noivo que eu tanto amava. Por um milagre apareceu um primo do meu pai por lá vindo de imperatriz atrás de trabalhador pra suas terras e o meu pai me mandou junto com ele pra sua casa me senti aliviada, pois encontrei aí uma porta de saída. fiquei muito feliz! Imaginando como seriam as coisas por lá, já tinha visto falar em televisão, mas ainda não tinha visto nenhuma, agora iria ver e assistir as coisas que de longe eu ouvia falar. Enfim, agora eu iria começar uma nova vida e tentar descobrir os segredos que todos escondiam de mim e iria tentar ser feliz!

Kainha Brito
Enviado por Kainha Brito em 08/09/2011
Reeditado em 29/04/2012
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