A fila


Meu Deus! Inventei de ir a um posto de saúde próximo à minha casa. Que angústia, que sufoco, logo pela manhã num posto de saúde, a fila mede quase um quilômetro, eu ia apenas, fazer uma consulta de rotina, mas acabei me sentindo mal pelo stress e ainda tem aquelas pessoas que sempre parecem dispostas a conversar tudo o que vem na cabeça e conversa vai e conversa vem, não param de falar o tempo todo e olham pra gente, como que querendo interagir, caramba pra não ser interpretada como mal educada, tenho que falar: unrum, sei, entendo, pois é. É claro que todo mundo é livre pra conversar, mas por favor, menos e não, nessas horas e muito menos, quando ver que a gente nã está a fim de conversr. Disfarçando, dou uma volta ao redor do postinho com uma sensação insípida, o mundo ao
redor parece gris e todo aquele burburinho me dar
uma aflição, uma impressão de que vou desmaiar é muito cedo, acabei de acordar, preciso ainda me refazer, nunca acordo sorrindo, demoro um pouco pra estar aberta ao mundo, olho pro outro lado, onde tem sempre alguém vendendo café com bolo, la também as conversas continuam, é preço do arroz, feijão, tomate, frango. Imagino os frangos pendurados num varal e minha imaginação vai pelos frios dos supermercados, por frutas e verduras, ainda bem que tudo isso me fez pensar num plano de saúde urgente, para quando realmente eu precisar. Eu gosto de conversar, com todo mundo mas, nessas horas, não sei porque, me dá vertigem: Voltando ao posto de saúde, observo o entra e sai de gente, a roupa das pessoas, os médicos que passam se achando, nem se quer olham para as pessoas, não dão um bom dia e passam meio que se esquivando daqueles que esperam por um atendimento desde as cinco horas da manhã. Olho meio que analisando todo o ambiente e o meu olhar fixa-se sobre a estampa da roupa de uma senhora, cujos desenhos eram de uns molequinhos jogando bola, enquanto ela conversava sem parar eu tentava entender: Porque ela comprara um vestido com aquela estampa? Será que ela gosta tanto assim de futebol? Ou quem sabe, ela nem ao menos se deu conta do que tinha na queles desenhos? Meu Deus, mas o que eu tenho a ver com isso? Tento lembrar de algo mais interessante, mas o estado de espírito em que me encontro nessas horas é insólito e de repente já me pego analisando o rosto, a pele de alguém que me dá a impressão de que está com o corpo gelado, rosto pálido meio suado
evidenciando incessantes lutas pela sobrevivência. Mas na realidade, sou eu que já estou passando mal, eu é que estou gelada, suando frio e com certeza, pálida também. Acabei indo embora antes da tal consulta e ainda me sentindo mal o que antes não estava. Misericórdia. Tá repreendido esse sistema
de saúde

Kainha Brito
Kainha Brito
Enviado por Kainha Brito em 31/08/2011
Reeditado em 21/07/2016
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