Foto de Feitosa dos Santos
COMPREENDER O INCOMPREENSÍVEL


Até que tentamos compreender o outro; desdobramo-nos para não decepcioná-lo naquilo que acredita ser o certo, mas, nós sequer compreendemos a nós mesmos, e vez por outra, empacamos no nó gerado em nossos neurônios.
Esse negócio de entender sempre é cansativo, é mais que cansativo é chato mesmo.
Chego a acreditar que basta-nos viver o momento. Se não está bom para o outro, saia fora, passe a vez, vá fazer o que lhe der na telha, o que lhe parecer bom ao seu eu, esqueça o outro e torne-se você o outro de você mesmo.
Quem sabe assim, não nos tornaremos pessoas melhores, não aprenderemos a entender-nos mais e, em conseqüência conviveremos melhores com os outros.
Entender o outro? Desista, ninguém entenderá ninguém em tempo algum. Poderá sim, melhorar a convivência, amenizar os atritos, mas só isso; cada um com o seu cada um. Basta-nos o respeito pela unicidade do outro.
Uns constroem castelos de areia, que desmoronam em pouco tempo, mas logo vem outro, mais outro e outro.
Outros passam a vida inteira a construir o alicerce de um projeto interminável, esses nunca chegam ao fim daquilo que idealizaram para suas vidas.
Outros sequer começam a construção daquilo que foi sonhado.
Quem estará certo? Não ousaria eu responder tal pergunta. Somos todos diferentes. Cada um de nós vive o seu tempo, percorre o seu espaço, cria o seu mundo e nesse mundo precisamos conviver. Não podemos adentrá-lo sem a permissão desse outro.
Construímos barreiras intransponíveis ao redor do nosso espaço. Por vezes, não identificamos aquilo que criamos a nossa volta. Como outro poderá entrar e desvendar o que é desconhecido de sua psique?
O homem bem que tenta, mas jamais conseguirá penetrar nesta seara e modificá-la segundo os seus ditames.
Chute o balde do compreender ao outro, e, compreenda a si mesmo, vivendo tudo o que lhe cabe nesse mundo de conflitos incompreensíveis e injustificáveis.
O meu balde acabou de transbordar. Pult’s... Chutei.

Rio, 27/07/2011
Feitosa dos santos