SESSENT'ANOS
Ah, esses meus Sessent'anos...
Não posso reclamar dos anos vividos. Se pudesse eu os viveria de novo. É certo que nestes anos, deixei de realizar muitos sonhos, se bem que alguns deles, hoje eu sei, são irrealizáveis.
Ah, esses meus Sessent'anos...
Me apaixonei muito, geralmente por todas as mulheres que em minha vida cruzaram. Se bem que nem todas me amaram...
É! Tive paixões mal resolvidas, paixões cegas, desiquilibradas, destas que não se pode explicar, dessas que apenas se sente e deixa o "pau quebrar".
Paixões inconsequentes, eloquentes que morriam assim como chegavam: repentinamente.
Amor, mesmo, não aconteceu. Sempre achei que um dia aconteceria. Ainda o estou esperando. Enquanto ele não vem, vou ficando assim: deixando o rio seguir o seu curso, deixando o tempo se exaurir, deixando a vida me levar...
Eu gostaria de ter me apaixonado mais... Não amado mais! Deu para entender? Apenas me apaixonado: loucamente, irresponsávelmente, ensadecidamente.
Se pudesse, gostaria de viver todas as minhas loucuras: das noites de sono perdidas, das serenatas cantadas, das paixões vividas, ter novamente todas mulheres que possui, os encontros furtivos, ter dito as mentiras mentidas, ter feito sexo extasiante e animal, puramente carnal. Talvez de tudo, um pouco mais.
Enfim, se pudesse, e nesse final eu confesso, gostaria de te ter novamente e viver contigo aquela nossa paixão arrebatadora, dominante, devastadora, poderosa, insensata, louca, explosiva...
Ah, que paixão incrivelmente avassaladora.
Agora, ao lembrar-me dela, fico como um vulcão em ebulição: louco para derramar minhas lava encadecente dentro do leito do teu rio profundo...