O BRASIL PRESO PELO RABO
José Ribeiro de Oliveira
Não há terra mais fértil
Do que este vasto chão
Que Cabral redescobriu
E Portugal lançou mão
Não há povo mais gentil
Nem esperança mais forte
Que grita em peito servil
Por dia de melhor sorte
Não há no mundo riqueza
Por natureza tão plena
E nem existe beleza
Que seja igual e serena
Mas todo esta beleza
Parece existir em vão
Por ser fértil a avareza
E a vil corrupção
Como podem os milhões
De cidadãos probos e honrados
Por minoria de ladrões
Viverem tão massacrados
Corruptos são festejados
Dizem que roubam, mas fazem
Se alcançam o poder, só roubam
E quantas angustias trazem
Não há vírus mais mutante
Que o da desonestidade
Nem covardia mais berrante
Promovendo iniqüidade
E não se salva um somente
Que alcançar o poder
Assim como uma semente
Corrupto lá vai nascer
E nesse Brasil tão grande
De um povo tão varonil
É triste ver seu desande
Por tão nocivo covil
E a exuberante riqueza
Que o mundo inteiro venera
Sucumbe pela torpeza
Da esperteza que impera
Oh Brasil meu Brasil
Tu és de Deus, não do diabo
Não deixa que este covil
Te segure pelo rabo.
"Para acabar com a orgia,
A verdade grossa e curta:
Voltarmos à monarquia.
Uma só família furta."