Peripécias de uma viagem

Uma das irmãs do Antônio, chamada Altair, ficou viúva e sem filhos. Como suas três enteadas estavam já casadas, ela ficou morando sozinha em São Paulo. Meio estressada por natureza, entrou numa depressão profunda. O Antônio, tentando resolver a situação, trouxe-a para cá, ficando uns dias conosco, até fazer todos os exames necessários, e depois ela foi morar no Lar dos Idosos. Foi um período difícil para todos. Ela deu muito trabalho por ficar longe das irmãs e das enteadas.

O tempo foi passando e Altair até que passou por uma fase melhor. Veio, então, aquela vontade de passear em São Paulo para rever os parentes. Tanto insistiu, que o Antônio resolveu satisfazer seus pedidos. Comprou, de uma vez, as passagens de ida e volta. Trouxe-a de véspera aqui para casa e, às onze e meia, lá vão, devagarinho, os dois para a Rua Minas Gerais, onde havia um ponto tradicional de parada do ônibus da Empresa São Cristóvão. Apesar do curto trajeto, ela queixou-se de cansaço e da distância. Já era quase meio dia e estava na hora do ônibus passar. De repente, a Altair perde os sentidos e quase cai ao chão, não fosse o Antônio ampará-la. Só que ele ficou completamente desnorteado. Sem saber o que fazer, começou a gritar com ela:

- ALTAIR, ALTAIR, NÃO DESMAIA NÃO! O ÔNIBUS JÁ ESTÁ CHEGANDO! VOCÊ NÃO QUER IR PARA S. PAULO? NÃO PODEMOS PERDER AS PASSAGENS! MEU DEUS!

E ela continuava desfalecida. De frente, havia um barzinho e o rapaz vendo a complicada situação, correu a oferecer-lhe um copo com água. O Antônio continuava aos gritos. O rapaz, então, esclareceu que ali não mais era ponto do ônibus para São Paulo. Teriam que ir para a Rua Goiás. Mais essa! O Antônio entrou em pânico. A irmã dele não tinha a menor chance de andar. O rapaz disse não poder ajudar em nada, pois estava sozinho, tomando conta do bar. Não fossem as passagens compradas(!!!), ele teria desistido da viagem, mas agora ele queria alcançar o ônibus de qualquer jeito. Ele pulou na frente do primeiro carro que apareceu. Por coincidência era um ex- aluno e ele nem explicou nada. Foi logo abrindo a porta e colocando a irmã dele dentro do carro. Depois de tudo acomodado, o Antônio “pediu” que ele alcançasse o ônibus da Viação S. Cristóvão. E já na saída da cidade, conseguiram entrar no ônibus. Ele, então, respirou aliviado de uma certa forma, mas foi vigiando a irmã com medo que se repetisse aquele mal-estar. Foi a última vez que ela viu S.Paulo, pois o Antônio não mais quis se arriscar.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 02/12/2006
Reeditado em 02/12/2006
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