Aquele que de nada sabia
Era uma vez, em um tempo que já não vale a pena lembrar, em um lugar cuja localização se perdeu, um garoto. Ele era demasiado jovem para ser chamado de homem, e em sua vida só o que ouvia era "você é muito jovem, não sabe de nada!".
Esse garoto, apesar da falta de incentivos, viveu em paz consigo mesmo, crescendo e procurando sempre aprender com seus erros, ao invés de simplismente se entristecer com eles.
Um belo dia esse garoto chegou à maioridade. Significava dizer que, a partir daquele momento, ele responderia por tudo que fizesse. Logo ele supôs que, se ele paga pelo que faz, ele pode escolher o que faz.
Pobre garoto. Apesar de achar que era hora de botar em prática suas respostas, que era hora de encontrar novas perguntas, ele foi barrado pela família. "Você não manda em sua vida!"
Era um absurdo! Como ele pode ser responsável pelos seus próprios atos se ele não os escolhe?! É como pagar por um crime que você nunca cometeu! O garoto sentia raiva pela injustiça e fugiu. Ele correu até seus pés gritarem de dor, daí correu mais.
E quanto mais o garoto corria, mas ele pensava em sua família, em seus amigos, enfim, a saudade foi batendo. Mesmo assim ele não desistiu e continuou sua jornada. Ao encontrar-se em uma pequena cidade ele se instalou em uma pequena pensão. Aos poucos, com pequenos empregos, ele foi arrumando sua própria fonte de renda, até ter dinheiro e comprar ua própria casa. Se apaixonou e casou-se, teve um filho (cujo nome escolheu pensando em seu irmão mai velho).
Passados muitos e muitos anos, o garoto agora um homem, decidiu apresentar sua família antiga à sua nova família. Ele voltou para sua cidade de modo bastante confortável - seus negócias prosperavam bastante - e chegou em frente à sua antiga casa. Outrora uma grande casa luxuosa, agora via-se um quintal morto, janelas por limpar e nem se fala das paredes.
Ao bater na porta, um homem barrigudo abre a porta, e apesar dos anos terem passado e a aparência ter mudado drásticamente, ele reconheceu o "chará" de seu filho. Abraçou o irmão e perguntou o que houve.O mesmo o respondeu:
-Depois que você foi embora, papai e mamãe mandaram esquecer de ti. Me mandaram estudar medicina - e não musica, como eu queria - como não discuti fui à faculdade, jamais conseguindo me formar. Eu simplismente não era compatível com o estudo, tudo nele me dava pavor, sabe como sou sensível à sangue. Bom, com as mensalidades o dinheiro foi diminuindo, eu falei para me deixar sair do curso e ir para musica, sei que me daria bem, mas eles não permitiram. Hoje papai está sempre fraco, mau levanta do sofá, e mamãe, bom, levo-te para visitar-lhe o túmulo amanhã.
Com o choque, o homem quase desabou, sendo amparado pela esposa e filho, além do irmão. Ele não podia acreditar em nada, em como tudo havia caído, como a vida fora dura para todos, com ele - um cara que nada sabia - estava em uma situação tão diferente dos "sabidos".
Nesse dia, e em todos os outros que estão por vir, uma lição importante devemos lembrar e sempre seguir:
"Não é aquele que mais sabe que possui o poder de controlar o futuro, mas aquele que não se deixa controlar, esse sim, tem em suas mãos o poder de moldar seu futuro"
"Que os ecos da chuva enobreçam sua mente"
Atenciosamente, Echi di Pioggia