CAMINHADA
CAMINHADA
080.909
Existe uma pista de caminhada na Chácara Sônia Maria, em Sorocaba (onde está instalada uma unidade do hipermercado Carrefour), cuja extensão é de cerca de 450 metros, perfazendo um circuito fechado. Seu piso é totalmente cimentado e se espraia no interior de uma área verde que bem lembra uma floresta. É dotada de iluminação a lâmpadas de vapor de sódio, rosqueadas em arandelas fixadas em quinze postes metálicos, distantes trinta metros um do outro.
Costumo caminhar nessa pista diariamente, começando por volta de 7h e 15min e depois de fazer dez minutos de ginástica de alongamento junto às demais pessoas (mais mulheres do que homens), que são orientadas por professor de educação física, inclusive para o restante da aula, a qual ainda compreeende mais trinta minutos de ginástica rítmica e mais cinco minutos de alongamento. Participo da sessão final, onde, em círculo, todos rezam uma oração de agradecimento, precedidas de palavras de gratitude pela oportunidade concedida pelo Pai Celeste. Nesta mesma ocasião uns ou umas colegas de ginástica ainda pronunciam pedidos e frases de atenção e efeito, sempre atinentes àquele momento tão gratificante.
Durante os cerca de vinte e cinco minutos em que caminho, percorro aproximadamente 2000 metros. Para contrariar, faço o trajeto em sentido horário quando a grandísssima maioria dos demais caminhantes (e às vezes até corredores) o fazem em sentido anti-horário. Porquê sou diferente? É que durante a caminhada, em que geralmente sou o único que adota esse sentido de circulação, tenho oportunidade de cumprimentar a todos, na primeira volta, além de outras coisas que fui descobrindo durante os trajetos; por exemplo, não preciso conversar com os colegas que estariam ao lado se eu caminhasse no sentido seguido por praticamente todos os demais caminhantes.
Enquanto isso também dá para prestar atenção aos lindos cantos de todas as espécies de pássaros e aves que estão embrenhados nos galhos das inúmeras espécies de árvores que estão ali plantadas, algumas a gente percebendo, pelo seu tamanho e porte, há longo tempo, outras, menores, plantadas na época de construção do prédio e pátios de estacionamento, em atitude de compensação florestal e ambiental, de vez que foi necessário derrubar algumas árvores para implantação do empreendimento.
Há outros pontos descobertos: não fico em posição de ultrapassar ninguém nem de ser ultrapassado; posso prestar muita atenção nas árvores enquanto caminho, vendo as suas folhas cairem e as folhas que já cairam; posso ainda controlar bem os esforços despendidos na trajetória, sentir como o ar respirado tem muito mais oxigênio, mais umidade e é bem menos poluido (em vista do trabalho de fotossíntese realizado pelas plantas e árvores e o sol, que já está despontado no horizonte há já algum tempo, ainda que não com todo o vigor de sua luz e calor), fazer contas de velocidade média desenvolvida, observar todos os que caminham, sua velocidade, seus semblantes mais preocupados ou mais descontraidos e assim por diante.
Dá até para concluir que, às vezes, ser do contra também tem lá suas vantagens, como aquele que vive "caminhando contra o vento sem lenço e sem documento..." (Salve, Caetano!).
Tito Vernaglia, em Sorocaba, aos quatro dias de junho de 2011.