QUE TIPO DE OVELHAS TEMOS SIDO?
Fátima Irene Pinto
 
Há tantas pinturas de Jesus circulando na Net: Jesus no horto das oliveiras, Jesus crucificado, Jesus ressurecto, Jesus na última ceia, Jesus batendo à porta.
De fato, foram tantas as ocorrências na vida do Mestre que os pintores tiveram e continuam tendo material farto para pintá-las, segundo sua inspiração e sensibilidade.
Mas há uma imagem que é a minha favorita desde sempre: Jesus segurando uma ovelha. Trata-se da parábola do Bom Pastor que também é a minha favorita.
Ontem, na hora da meditação diária, fiquei pensando que tipo de ovelhas temos sido para o Bom Pastor?
 
Seremos ovelhas frias, indiferentes que nem sequer aceitamos a Sua existência?
Seremos ovelhas altivas, achando que podemos perfeitamente dispensar o Seu pastoreio?
Seremos ovelhas dóceis que, de bom grado nos colocamos sob Sua guarda?
Seremos ovelhas contestadoras, sempre brigando por aquilo que não entendemos ou por não vermos nossos pedidos atendidos de imediato?
Seremos ovelhas volúveis que só "berramos" por ajuda quando os ventos sopram contrários para, em seguida, esquecermos a graça recebida quando tudo fica bem?
 
Da minha parte, tenho que confessar, acho que dou um pouco de trabalho para o meu Bom Pastor. Ele me traz para o redil e me coloca em segurança. Alimenta-me, dessedenta-me, protege-me. Mas de repente eu necessito varar a cerca e conhecer a pradaria lá fora. Esqueço-me dos lobos, esqueço-me dos abismos, esqueço-me dos despenhadeiros...há uma compulsão para conhecer o novo e sempre acho que posso, sozinha, voltar ao redil por minhas próprias pernas.Ledo engano!
 
Desnecessário dizer que a pradaria lá fora é cheia de seduções e atalhos. Na verdade é um labirinto aparentemente formoso e atraente. Se eu fôsse uma ovelha firme e experiente aprenderia tudo que é possível aprender lá fora, sem perder o rumo e sem perder o foco principal, como disse Paulo Apóstolo.
Saberia discernir o que convém, refutaria o que não convém
e voltaria para o redil intacta e serenamente.
 
Não é meu caso. Eu me perco nos atalhos do mundo. Eu me perco nos discursos de outros "pastores" não recomendáveis, cheios de cultura mas que apontam para caminhos desorientadores. Eu me perco nas névoas das ilusões deste mundo.
E então começo a sentir uma inquietação, um desassossego. Percebo-me triste. Percebo-me sentindo uma imensa falta não sei de quê...e então caio em mim: eu estou sentindo falta de Jesus. Sim, eu estou morta de saudade de Jesus e começo a buscar o caminho de volta.
Muitas vezes embrenho-me de tal sorte nos labirintos que não sou capaz de sair deles. Debato-me na procura. Nessas horas eu sempre estou ferida, confusa, assustada.
Começo a fazer um berreiro, o mesmo berreiro que uma criança faz quando se perde de seus pais num parque de diversões. Sou portanto uma ovelha infantil. Só que meu Mestre me ama tanto que sempre aparece.
 
Ele olha para mim com uma doce censura...mas por tras desse olhar parece haver um rio subterrâneo de riso e bom humor. E acolhe-me em seus braços.
Novamente alimenta-me, novamente dessedenta-me, novamente cura-me e coloca-me, saudável e em paz, no redil.
Como é doce o meu Senhor! Que paz inigualável é encontrá-lo depois das minhas mal sucedidas travessias. Como me sinto forte e amparada nestas horas!
Eu sempre prometo que não mais deixarei o redil.
Que jamais sairei da presença do meu Bom Pastor.
 
Mas como disse antes, eu sou uma ovelha descuidada, infantil e curiosa.
E se o Mestre não desiste de mim e sempre vai resgatar-me das encrencas em que me coloco, é por saber que eu O amo com todas as forças do meu coração...mas acima de tudo, é porque Ele me ama com todas as forças do Seu coração.
 
(O Bom Pastor dá a Vida por suas ovelhas. João 10)
 
Descalvado - SP
01/06/11

Fátima Irene Pinto
Enviado por Fátima Irene Pinto em 01/06/2011
Reeditado em 15/06/2011
Código do texto: T3007118
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