22- CRONICANDO: O IRMÃO DIMAS

O IRMÃO DIMAS

-Passa a carteira. Isso é um assalto!

-Calma, calma...

- Calma o quê? A carteira! Tô armado. Tô armado, pô.

- Mas a...

-Passa logo se não eu atiro.

-Aqui.

-Cadê a grana?

-Foi isso que tentei falar. Estou sem dinheiro.

-Bora pro banco, isso agora é um seqüestro relâmpago.

- Não tenho dinheiro em banco...

-E esses "cartão?".

-Eram uma conta conjunta. Me separei e fechei.

-Então vamos para a sua casa.

-É...

-Não me diga que você nem casa tem!

-Sabe como é né... A juíza mandou vender e a mulher ficou com o dinheiro todo.

- Sei não cara....

- Tu só "pode" me matar e, pensando bem, você me faria um grande favor. Vai encarar?

-Vou nada chefia. Nem arma tenho, não sei se deu para perceber... Era o meu dedo que estava debaixo da camisa, pô.

- Hum...

-É pô,se eu te contar que comigo aconteceu a mesma coisa. A mina pegou um bucho meu; a juíza me obrigou a pagar a pensão. Tenho dinheiro nem para o aluguel. Nem para comer, como vou pagar pensão alimentícia do guri? Agora vou para cadeia ! Isso é justo?

-Mas não precisa se desesperar . Já pensou se a PM te pega? E se eu fosse um PM? E se tu tivesse pego uma velhinha estressada...

-É mesmo. Foi a primeira vez que tentei isso. Tô até meio sem jeito... Desculpa.

-Tá desculpado.

-Vou nessa!

-Beleza!

-Mas...

-O que?

- Dá pra deixar pelo menos o relógio?

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 31/05/2011
Reeditado em 24/11/2022
Código do texto: T3005081
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.