DIAMANTINA DE ARTE GRAÚDA

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Em Diamantina, gente miúda não faz Arte Miúda, como o projeto é conhecido. Faz arte graúda. No Vale do Jequitinhonha, vale mesmo o ditado: tamanho não é documento. Mesmo porque há muita gente graúda por aí que não produz sequer arte miúda. Na terra dos diamantes, aliás, mais vale a qualidade que o tamanho do diamante. Ali, com brilho diamantino, os miúdos de Soraya Araújo e equipe deixam muita gente graúda com o queixo na mão. Pena que essa gente, sobretudo a classe dos políticos, não abra mão de recursos para um projeto como esse, em Diamantina e em outros lugares. Projeto de promoção e valorização humana. De inclusão social. De prevenção à marginalidade. De contribuição para a economia do ócio criativo. De elevação da alma.

Nem se diga que se trata de arte pela arte, de uma ocupação inútil ou de um fim em si mesmo. Trata-se de educação pela arte, de cultura pessoal da autoestima pela cultura da arte, de refinamento da sensibilidade. Como o hábito de ler, a arte assegura prazer intelectual e estético, aponta, pela disciplina e pelo esforço, um caminho seguro para o progresso pessoal. Pela educação musical, por exemplo, a gente passa a se incomodar com a poluição sonora e a captar os sons em derredor, a linguagem do sol e do deserto, a viração que cicia suavemente no canavial ou a brisa do oceano que acaricia com o generoso bafejo do vento ou o espetáculo orquestral de gala dos pássaros que cantam afinados e sem necessidade de ensaio.

A arte é pano de fundo para a leitura do mundo, palco da grande arte de viver. Como fundo musical, a música é trilha sonora para o desenrolar de um filme, de uma novela, de um balé aquático. Em Diamantina, a música é seresta, é vesperata. JK dizia que uma serenata em sua terra era mais bela que uma noite de trovadores em Nápoles. No antigo Arraial do Tijuco não há trovadores nem tenores como Pavarotti, Plácido Domingo ou Carreras. Mas há sensibilidade artística, tradição cultural, seresteiros. Lá, a gente tem que pisar miudinho pros miúdos de arte graúda que nos deixam extasiados: cantando, rezando e chorando na igreja de São Francisco. Cantando com o coração, rezando com devoção e chorando de emoção.

Vale conferir.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 16/05/2011
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