ANÁLISE

Ah, mas enquanto imperar o orgulho,

Esse absolutismo fatal e decadente,

Que te nega a aspirações de glória,

E estes muros que te restringem

E te afastam da tua própria génese,

De ser humano que é finito

E dado a erros de observação;

Enquanto não aceitares e respeitares

As diferenças dos outros _ a sua individualidade _,

Serás sempre a negação concreta

À tua própria liberdade;

Enquanto os quiseres fazer à tua imagem,

E te perderes numa busca constante,

Pela perfeição,

Ter-te-ás a ti como o diferente,

Sempre que de diante dos outros.

Logo... o que daqui resulta,

É que os outros é que agem bem _

Se não te acreditas,

Ou, por oposição de princípios,

Errados serão _

Se te acreditas em demasia.

Assim, e enquanto assim for,

Serás sempre, mas sempre o infeliz!

E mesmo que te aches em uma sala,

Repleta de gente, à tua volta,

Mais profunda a tua dor;

Mais os teus olhos, não dirão

O sorriso da tua boca;

Desajustados serão os teus passos,

Em teu caminhar;

E maior o engano, que

A ti próprio impuseste.

E à boca da noite, no Teatro da vida,

O actor representa, para público nenhum,

O seu último e derradeiro Acto!

Jorge HUmberto

in Saiu A Fera De Mim

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 18/11/2006
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