O Combustível do Amor

Amor: gasolina da vida! Custa caro, acaba rápido (se maior é a intensidade) e ainda pode ser substituído por álcool.

Desamor: como dura esse troço!

Gosto apurado? E o medo de passar apuros? Taca catchup nas coisas morosas da vida mesmo, taca catchup, quem sabe o coração fibrila um pouco! Na minha idade faz indignidade não ter onde morar. Era uma casa muito engraçada: não existia, terreno, nada. Sabe aquelas pedras que botaram pra tropeçar em meio ao caminho? Então... Não fiz castelo nenhum. Ninguém faz. Bem como esta passagem rastaquera não saiu de Fernando Pessoa, apesar de constar nas ignóbeis das redes sociais. Afora, os outros terços todos destinados à assinatura da Senhora Lispector: desprezam-na justo quanto ao criadouro.

O mundo está caduco: o príncipe se casa, as tabernas recebem alforria diuturna. Não, não falamos de 1400 e pouco, foi nesta semana comum do século vinte e um. Pois é, o humor mudou. O amor também.

É melhor conviver com dois marimbondos voando do que com um na mão. Bom, tudo é um ponto de vista, ou um ponto à vista, depende: pra chamar atenção, até picada na mão. Da ponta dos dedos que não! Duvido alguém estufar o peito e dizer: “já era, acabou em desgraça!”, e voltar e sorrir, gratuito, à vista, na ponta da vida.

Está difícil falar em amor. Costumam-se usar o bom-dia. Ou caírem nos filmes comuns com Adam Sandler. Está chato falar em amor. Basta colocar uns óculos coloridos estilo anos 70 e montar uma banda de rock mal-feito. Está cansativo falar em amor. Foi conhecer alguém no botequim anteontem, ainda que não se lembrem dos nomes.

E se por algum acaso vierem a mim as frases mais brilhantes da literatura atual? E se, por outro acaso, eu fenecer antes de usá-las em todos vocês? Quem, nesse tempo rápido de amor-sem-amor irá ter-me amado? Já sofreu calado? As coisas têm fluido errado... O ser humano precisa ser revisto.

Ou, quem sabe, revisitado.