SADISMO E AGRESSÃO CONTRA OS ANIMAIS

 
 


                              Uma grande parte dos homens, quase sem exceção, dentro de si, ainda que em estado latente, sempre tem qualquer coisa de sádico. Infelizmente. Alguns extravasam esse sadismo escancaradamente. Outros, graças a Deus, se contém segurando seus instintos.
                              O problema é que a justiça dos homens, tão lenta, falha e extremamente canha muitas vezes permite alguns descalabros autorizando os homens a praticar maldades não só contra o seu semelhante, mas principalmente contra os animais inofensivos, sem condições de defesa.
                              Não tenho como elencar aqui todos os tipos de agressões dos povos contra os animais, posto que sejam muitos e humanamente impossível. Principalmente se contarmos os atos pavorosos praticados contra os seus próprios iguais. Se a gente escrevesse um livro com cinco mil páginas, ainda assim seria pequeno para enumerar tantas barbáries.
                              Por isso vou nesta modesta crônica pretendo comentar apenas sobre dois destes atos sádicos praticados pelo ser humano abertamente sem qualquer punição e até com a aquiescência das autoridades, que muito me incomodam. Garanto que grande parte dos amigos leitores concordará comigo.
                               O primeiro deles é o hábito de prender em gaiolas e viveiros pássaros de todas as espécies e naturezas, tirando-os do seu habitat natural, colocando-os em cativeiros, sem dó nem piedade. E fazem isso com a maior tranquilidade. Comercializam esses mesmos pássaros e animais com a autorização das autoridades mediante pagamento de taxas e impostos, como se isso mudasse a natureza da agressão.
                                Existe legislação específica de proteção aos animais, de proteção à fauna e flora e do meio ambiente. Tudo muito lindo no papel, mas que na prática é simplesmente um lixo. 
                              Quando um pobre matuto caçador é apanhado caçando para servir de alimentação para a sua família, às vezes até para cuidar e proteger o animal de predadores como se fosse um animal de estimação, é severamente punido. Por sua ignorância paga um preço muito mais alto do que devia.
                              No entanto essas mesmas autoridades permitem que se comercializem todos os tipos de aves e animais domésticos ou silvestres nas lojas especializadas, “o famoso pet shopps” expondo-os diariamente a tudo e a todos sem o menor constrangimento.
                              Será que manter preso um canário, um sabiá, um papagaio, uma pomba, um coelho, um coala, um cachorro de raça, um pavão numa gaiola ou viveiro mediante pagamento de impostos e tributos é menos crime do que um sitiante lavrador também manter as mesmas espécies de animais em condições muitas vezes até cem por cento melhor em seu domicílio?
                              Caro leitor, você acha mesmo que coelhinhos, porquinhos da índia, coalas, furões, saguis, guaxinins, tartarugas, cágados e outros animaizinhos silvestres podem ser escancaradamente expostos e vendidos como se fossem brinquedos industrializados sem nenhuma punição? É isso que os comerciantes espertalhões fazem. Repito: Com a autorização das autoridades.
                              A diferença daquele que prende e coloca no cativeiro uma ave ou animal silvestre para depois vendê-lo e locupletar-se com o lucro e o de quem faz igual apenas por hobby ou para com ele se alimentar só está no pagamento da autorização. Nada mais que isso. É sadismo e maldade tanto um quanto o outro.
                        Isso tudo sem contar os demais animais domésticos que são presos, vendidos e abandonados quando não mais servem aos homens. É lastimável. É comum ver cães e gatos abandonados e famintos em todas as partes do mundo. Principalmente em grandes metrópoles. Alguns países são mais rigorosos no cumprimento da lei, mas infelizmente no Brasil a lei é até ignorada, manifestamente descumprida, nas barbas dos seus próprios legisladores.
                              O segundo tema é o seguinte: Você gostaria que alguém chegasse a sua casa oferecendo algo interessante para degustação e com essa alimentação oferecida o tirasse de dentro dos seus aposentos a força, o torturando com uma tremenda surra? Depois expor as fotos mostrando você nu, machucado e sem o alimento oferecido para todos verem?
                               E em seguida, satisfeito o tremendo sadismo mandasse você de volta pra dentro de casa como se nada tivesse acontecido? Será que se isso acontecesse você não ficaria assustado, traumatizado e stressado pelo resto da sua vida? Pergunto: Isso seria sadismo ou apenas uma agressão?                         
                              Salvo melhor juízo, no meu modesto entendimento são os dois. Uma brutal e sádica agressão.
                               Pois bem, é exatamente isso que os famosos pescadores esportivos fazem.
                         Munem-se de suas traias e de seus equipamentos de última geração e vão para os rios ou para o mar em busca de suas vítimas. Tudo legalmente amparado. Tal pescaria tem por objetivo praticar o lazer e tirar o stress.
                              Vocês devem estar achando e me perguntando o que há de mal  nisso e eu respondo, pois é simples.
                              As autoridades competentes e fiscais do meio ambiente apreendem os seus equipamentos se você for apanhado em flagrante num barco, nas costeiras à beira-mar ou mesmo sentadas no barranco na beira de um rio como o Rio Paraná pescando sem uma autorização assinada por quem de direito.
                              Mesmo que essa pescaria seja para o seu próprio sustento. A meu ver, pescar com o intuito de se alimentar com o produto da pesca não se constitui crime passível de punição e apreensão de equipamentos, principalmente se o cidadão é um pescador amador ou profissional.
                              No entanto, puxar o peixe para fora da água, judiar sadicamente desse peixe com brutalidade como esses pescadores esportivos fazem, na maioria das vezes com um enorme anzol fisgado na boca ou nos olhos do animal, cansando-o até não querer mais, depois, quando o animal está exausto e cem por cento stressado, já até doente, ai o pescador o solta na água como se nada tivesse acontecido e com a satisfação de quem ganhou um grande prêmio.
                              Na maioria das vezes esses peixes ficam doentes, frágeis e não mais conseguem viver por muito tempo. Tornam-se presas fáceis dos seus predadores.
                             Outra interrogação: Já que o pescador esportivo pescou o peixe, qual a diferença de levá-lo para casa, matá-lo de vez e o consumir como alimento ou de soltar como o fazem? Penso que a maldade e atrocidade contra o animal já se consumiu.
                              O problema é que esse animal jamais terá uma vida normal e tranquila no mar, no rio, seu habitat natural. Sei lá! Na minha modesta opinião, fazer isso não é lazer. São maldade e sadismo puro.
                               Enfim, como eu sou caiçara, nascido e criado à beira-mar, um pescador nato que já pesquei na praia, nas costeiras, nos barrancos, em alto mar e em grandes rios, mas só o necessário para o meu sustento. Abomino peremptoriamente esse tipo de pescaria esportiva que não traz benefício nenhum para ninguém, a não ser para os bolsos dos comerciantes desonestos de equipamentos e apetrechos de pesca, bem como de algum fiscal corrupto.
                     Desta forma faço esse desabafo em forma de crônica, como uma alerta para todos. No entanto afirmo que esta é a minha opinião, que não tem o condão de modificar o pensamento alheio, posto que seja impossível agradar gregos e troianos. Sempre respeitei e respeitarei o livre arbítrio de cada cidadão, mas não posso deixar de manifestar-se com a minha opinião sobre isso grave, enquanto delicado.