A TEQUINOLOGIA DO ABRAÇO - Matéria do Cantinho do Zé Povo - O Jornal de Hoje - Natal-RN-Ed. de 16 de abril de 20111
Minha gente; eu costumo dizer que a NET é uma Serra Pelada; ou seja; você tem que garimpar, e muito, até encontrar algo que valha a pena no meio do “cascalho”... Tem muita coisa que “é qui nem peito de hôme; num presta prá nada”... Mas, queridos leitores e leitoras; vez por outra, aparecem também, verdadeiras preciosidades, numa simplicidade comovente; como essa “pérola” que me foi enviada pela minha querida leitora via INTERNET, Mariinha, do Rio de Janeiro, filha do meu querido AMIGO e compadre Elino, padrinho de minha filha Ana Cláudia. Pois é, Mariinha; você, minha fía, com esse texto que me foi enviado, me fez ir às lágrimas. Também, não é vantagem nenhuma me fazer chorar; que eu choro até ouvindo um gato miando com fome ?!... Mas, vamos ao texto, que tomei a liberdade de adaptar para o MATUTÊS (Português falado pelo matuto nordestino, lá nos confins das caatingas...). Eis, na íntegra, pois, o monólogo do matuto, explicando A TEQUINOLOGIA DO ABRAÇO. O matuto falava tão calmamente, que parecia medir, analisar e meditar sobre cada palavra que dizia: É... Dais invenção duis hôme, a qui mais tem sintido é o abraço. O abraço, num tem jeito de um só apruveitá! No abraço, tudo quanto é gente, apruveita uma bêradinha...
Quando você tá danado de sodade, o abraço de arguém te alivêia... Quando você tá imputicido, cum munta reiva, vem um, te abraça e tu fica inté sem graça de cuntinuá cum reiva... Se tu tá feliz e abraça arguém, êsse arguém pega um pôquíim de tua alegria... Se arguém tá duente e tu abraça êle, êle já cumeça a miorá e tu amióra junto cum êle tombém...
Munta gente importante e letrada, já tento dá um jeito mode sabê pru qui danado o abraço tem tanta tequinologia, mais ninguém discubriu inté agora... Ôxe! Mais eu sei; foi um isprito bom de Deuso qui me contô... E eu, minha gente; vô contá prá vocêis o qui foi qui êsse Isprito de Luz me falô: O abraço é bão, pru causo do coração... O coração é adonde nóis guarda uis nosso sintimento. De bão e de rim. Quando um coração num tem lugá prá o rancô, o ódio e o ressintimento, só tem bons fruído dento dêle. Aí, meu fíi, minha fía; quando tu abraça arguém, faiz massage no coração!... E aí, intonce, se dá o siguinte: O coração do ôto ô da ôta, é marssagiado tombém... Mais num é só isso não sinhô; a chave do segrêdo de tudo tá aqui: É qui quando nóis abraça arguém, nóis fica cum dois coração batendo no peito da gente!... E é bão fora da conta, quando nóis sente o coração de ôta pessoa, batendo arrochado e bem juntíin do coração da gente, né ?... Nóis qué sigurá ais batida, mais o bicho toma ais rédea dais mão da gente e dispara qui nem pôrdo brabo... É o milagre do afeto, atravéis da TEQUINOLOGIA DO CORAÇÃO!...
É, meu povo; depois dessa preciosidade de lição, nada me resta, a não ser, finalizar nosso papo desse sábado, dizendo: Um abraço prá todos vocês, meus queridos leitores e leitoras do Cantinho do Zé Povo; do velho trovador com o coração chêi de remendo e de imperfeições, imperfeições essas, que com a graça de Deus, haverei de me ver livre delas, ainda nessa ou em outra encarnação.