O Chocolate Ideal
Havia nos anos 70 uma disputa ideológica que dividia o mundo: comunistas de um lado e capitalistas de outro.
Certa vez, num encontro internacional de estudantes (IEE), a delegação de Portugal passeava livremente. Era considerada cheia de garotos metidos, esnobes, já que faziam parte de um país ao centro do capitalismo, e ao mesmo tempo com muita vontade de se aventurar em revoluções, em seguir o que de bom o mundo poderia produzir.
Os garotos portugueses, de passagem no ônibus, encontraram a caravana de meninos de Angola, e resolveram tirar um sarrinho dos patrícios africanos. Angola vivia sob a proteção soviética e o seu comunismo à parte: escassez de mercadorias elementares ao deleite.
Vieram respostas. Uma guerra verbal curta.
Foi mais ou menos assim:
(Estudantes portugueses)
- Vocês não têm chocolate, vocês não tem chocolate...!
(Alunos angolanos)
- E vocês não têm comunismo, e vocês não têm comunismo...!
(Estudantes portugueses)
- Mas um dia teremos, mas um dia teremos...!
(Alunos angolanos)
- Aí não terão chocolate, aí não terão chocolate...!