E Se...
E se a gente fosse o sujeito de trabuco que encalhou em Pernambuco, mas odeia tudo por lá?
E se o sujeito do trabuco não fosse de tiro curto, quem levantaria para a porta se fechar?
E se a gente fosse um soberano com carapaça de tirano, mas que não passa de um fulano?
E se o fulano tivesse ritmo, físico, lírico, cínico, seria alguém muito bem na altura destes anos?
E se a gente imitasse americano, com chapéu de texano, será que os índios da gente escolheriam a saudade, os desenganos, a impertinência dolorida pelos planos de uso sem gente e apenas danos?
E se a gente acabasse, alguém iria notar?
Pois bem, se o coletivo é existencialista, o especialista é a miséria.
Dois terços do mundo é apenas mau humor. O outro restante nunca é bastante para sustentar a alegria coletiva. Um inteiro são todo mundo.
Discorda da minha concordância inoperante?
Seja eu, seja eu, criança! E se não é a criança da gente a gente na própria esperança? E se a gente não é, quem seria por nós?
Vamos abandonar os heróis?
Que tal todo colarinho branco perdesse o apoio do pescoço? Que tal a imunidade dos parlamentos fosse desassinada à franquia de muito sangramento? Que tal a gente nunca mais assinalasse a estupidez dando aval às tiriricas?
E se a gente não passar a tomar conta da gente, qual é a função da gente se aproximar?
Percebeu que a rima ficou curta?
E se não notou você, tudo bem, não que o mundo seja além, mas tudo bem, a rima não vem.
Quando a gente vai parar de lamentar e arregaçar as mangas?
O novo tempo virá. Na poesia, com gestos, por terços. Mas ela virá, não importa.
O que importa é o ‘e se’...
... E se você estivesse por lá, como seria?
Então porque você não começa agora?