Minha Crônica Natalina

Seis de maio de 1965. Com a chegada do frio, chegou também, para nossa alegria, nosso segundo filho. Forte e saudável tinha um apetite voraz e em poucos meses já estava gordinho e com o crescimento dentro da faixa de normalidade. Mas criança é um serzinho muito frágil e, apesar de todos nossos cuidados, no final do mês de outubro do mesmo ano, Lúcio apresentou um quadro de sofrimento com choro forte e continuado. Corremos com ele para o consultório médico, onde começou nossa Via-crucis. Os diagnósticos eram feitos, remédios e mais remédios, consultas e mais consultas e nada de melhora. Era só choro e agonia.

Em novembro, Lúcio definhava e já perdíamos a esperança. O ano foi chegando ao seu final e um dia observei, com pavor, que meu filho estava com os lábios arroxeados. Corri com ele para o hospital mais próximo onde foi colocado no balão de oxigênio. As freiras da casa correram para a Capela para pedir a Deus pela sua saúde. Ele não queria mais se alimentar e nem um gemido ou choro se ouvia. Naquele hospital não havia mais recursos médicos para ele. Mas Deus, em sua infinita bondade, providenciou para nós aquilo que precisávamos. Conseguimos encontrar um médico que chegou ainda a tempo de diagnosticar a doença de meu filho e agir com rapidez. Como era uma pleuriz purulenta ( que não fora detectada antes por erro do radiologista, ao analisar o RX) , ele tentou uma punção nos pulmões. Uma agulha muito grossa foi introduzida em seu corpinho que quase já sem vida, nem reagiu à dor. Terminada aquela punção, o Lúcio começou a tossir e aceitou de bom grado o alimento. E, aos pouquinhos, ele foi melhorando e, já nas vésperas do Natal, recebeu alta hospitalar.

Em meio a nossa pobreza, a comemoração natalina foi muito humilde, mas na maior felicidade, com nosso filhinho que nascera de novo!

Aos céus subiu nosso “Te Deum” em sinal de nossa gratidão!

(nov/96)

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(Alci, a palma de Santa Rita, que postei hoje, é para você.)

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 11/11/2006
Reeditado em 11/11/2006
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