SEM POEIRAS, ÁCAROS OU FUNGOS
 
Fátima Irene Pinto
 
Tenho Bíblias em casa desde o tempo de meus bisavós até as que adquiri no meu tempo, e desde as que comprei para meus filhos quando fizeram o catecismo.
Observo que, da Bíblia dos meus antepassados até as mais recentes, há sempre alterações e questiono muito estas alterações.
Há alguns segmentos religiosos que subtraem livros inteiros do Antigo Testamento.
Também já li sobre os Evangelhos Apócrifos.
Não posso deixar de questionar sobre o que Jesus realmente teria dito, como teria dito e qual seria o verdadeiro sentido e a verdadeira interpretação.
Se no curtíssimo prazo de tres gerações já é possível observar tantas alterações, imagine quantas delas foram feitas ao longo dos milênios. Como saber se as traduções foram feitas corretamente?
A cada Papa que reinou no trono de Pedro, quantas coisas foram alteradas para atender aos seus interesses pessoais ou daquela geração?
Fiquei pensando na questão da Exegese e em quantas interpretações gramaticais e históricas têm sido dadas à Bíblia no transcorrer dos séculos.
Isto arrefece a minha fé e me joga num dilema: é crer ou não crer; é pegar ou largar.
Mas independente das alterações que possam ter sido feitas, independente dos equívocos históricos, gramaticais ou de tradução, o fato é que a "essência" permaneceu viva.
Há passagens nos Evangelhos que tocam profundamente meu coração
 
Lembro-me que quando meus garotos eram pequeninos, eu estava com eles num jardim e enquanto pedalavam seus triciclos, eu estava lendo o Evangelho segundo João. Senti uma comoção profunda, uns arrepios, uma estado de espírito muito difícil de descrever, mas se tivesse que descrever eu diria que foi uma espécie de arrebatamento.
Isto aconteceu outras vezes.
Uma vez eu vinha do Banco para casa e estava absurdamente aflita e cansada. Estava passando por um momento muito difícil, tanto no Banco como em casa. Não podia deixar o serviço porque dele dependia a manutenção da minha família. E não via mais condições de continuar no Banco.
Então, no pequeno trajeto de volta, senti de novo esta "Divina Presença". Senti um imediato alívio, como se me tivessem tirado a pesada cruz dos ombros e mais que isto, como se tivessem me dado um energético espiritual de altíssima potência.
 
Muitas outras experiências eu teria para contar e não seria exagero dizer que só cheguei até aqui porque Ele permitiu. Fui e tenho sido testada em todos os meus limites humanos. Debato-me ainda com crises de argumentação racional, esbarro ainda na minha própria ignorância, sofro ainda na pele o peso de meus pecados, e quando falo em pecados, não me refiro à catalogação oficial para pecados.
Pecado para mim é algo que aciona um sinal vermelho no recôndito da minha própria consciência.
 
Então tenho que lhes dizer uma coisa. Eu prefiro mais sentir Jesus do que ficar deslindando a Bíblia.
O meu Jesus não é nada empoeirado, nem carrega ácaros e fungos milenares, está acima da ciência, das pesquisas, da discussão dos exegetas, tradutores e historiadores.
Não está trancafiado numa cela de regras rígidas e tantas vezes inexequíveis.
O meu Jesus é atual, moderno, vivo, sempre presente.
É um Amigo para quem eu puxo uma cadeira e me ponho a conversar.
É Alguém que senta no outro banco do meu carro.
É um Amigo para quem confidencio meus segredos, meus anseios, minha derrotas. meus temores, para quem peço sabedoria para lidar com todos os desafios da minha vida.
É paciente com minha ignorância, aceita minhas crises de fé, suporta os meus surtos de rebelião.
Ele me deixa livre para fazer escolhas e perambular por outros caminhos, mas sempre chega a tempo de me resgatar quando pego atalhos e fico rodando em círculos, sem perceber o quanto certos atalhos podem ser destrutivos e desorientadores.
Ele atua em mim e através de mim. 
Faz faz sínteses espontâneas no meu ser e junta todas as minhas experiências e aprendizados, como quem junta fios de cabelos numa delicada fivela.
 
Para conhecer Jesus e passar a desfrutar da companhia Dele não é preciso ler toda a Bíblia nem ouvir exaustivas pregações.
É preciso primeiro querer viver esta experiência. Querer com todas as forças do coração!
Então, espontâneamente, começarão a chegar em suas mãos as leituras necessárias, as pessoas necessárias, as circunstâncias necessárias de uma forma que seja compreensível e que você sinta o seu coração arder e ser tocado profundamente.
 
Não há receitas pois Ele tem um jeito único de chegar ao coração de cada "ovelha", respeitando os limites de compreensão de cada uma.
Acima de tudo, Ele chega mais depressa quando nos colocamos humildes, sem entraves, feito crianças frágeis e assustadas que na verdade somos.
Ele chega mais depressa quando temos a coragem de dizer "não sei", "não consigo", "não entendo", "sinto-me perdido(a)"; "estou com medo"; "estou num beco sem saída".
 
Espero que você encontre Jesus a seu modo como eu também encontrei (mas de quem ainda me perco muitas vezes).
Isto não significa que você terá todos os seus problemas solucionados num passe de mágica, mas que terá forças e novas luzes para enfrentar os seus problemas.
Significa que você começará a ter outras vivências, que encontrará paz, apoio, guarida.
Significa que verá renascer em seu coração os sentimentos de esperança, de confiança e de alegria.
 
E com o passar dos anos você descobrirá que não pode mais viver sem a presença deste Amigo silencioso, atuante e eficaz, cujo amor é perene e incondicional.
Ele está à sua espera e há tesouros infindáveis em Suas Mãos!
Busque-o!
 
 
Descalvado - SP
06.03.2011

Fátima Irene Pinto
Enviado por Fátima Irene Pinto em 06/03/2011
Reeditado em 06/03/2011
Código do texto: T2831608
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