Bom dia, senhor! (Microcrônica)
Eduardo saiu de casa vestido com simplicidade; camisa xadrez para fora da calça jeans, calçando tênis e usando óculos escuros. Chegou ao Shopping Center pouco antes das onze horas. Num espaço de uma hora, entrou três vezes na mesma loja (uma grande loja de departamentos).
Na primeira vez que Eduardo adentrou a loja, às onze horas, foi atendido por um funcionário, cujo crachá indicava chamar-se João. João perguntou o que ele desejava. Respondeu que queria ver uma vara de pesca. João o conduziu por um corredor e mostrou-lhe as diversas varas disponíveis. Ele escolheu uma. Perguntou o preço. João respondeu (com os cotovelos no balcão e as mãos no queixo) que a vara custava R$ 45,00. Agradeceu e saiu. Eram onze horas e dez minutos.
Entrou na loja pela segunda vez, às onze horas e vinte minutos. Foi educadamente abordado por outro funcionário, que se apresentou, dizendo chamar-se José (conferido no crachá), e perguntou se podia ajudá-lo. Respondeu que sim e que queria comprar uma vara de pesca. José o conduziu pelo mesmo corredor, e mostrou-lhe cada uma delas em separado, discorrendo acerca de seu material, suas vantagens, etc... Ouviu atentamente e escolheu uma delas. José elogiou-o dizendo que tinha feito uma ótima escolha, e aproveitou para perguntar se não desejaria ver mais algum produto. Acabou comprando, além da vara de pesca, novos óculos escuros, um chapéu, duas bermudas, uma caixa de barras de cereais e protetor solar. Pagou R$ 70,00 pela vara de pesca e mais R$ 185,00 pelas outras mercadorias. Despediu-se de José (que o acompanhou à porta da loja), e saiu. Eram onze horas e cinquenta minutos.
Na terceira vez que voltou à loja, às onze horas e cinquenta e cinco minutos, não comprou nada. O Dr. Eduardo Salles retornou à loja somente para despedir João e promover José à chefia de Vendas.
Fazer o quê? O proprietário, ilustre desconhecido da maioria dos funcionários, decidira fazer um teste ‘in loco’...
Então! Cada ‘in loco’ com suas artimanias...
E João, fosse talvez preguiçoso, talvez mal humorado, talvez incauto; não importa. Certo é que, pecou por descompromisso com seu trabalho, e além disso, por desleixo consigo mesmo, pois não alcançou que deveria, seja na situação que fosse, tratar a todos com igualdade; a priori, por uma questão de humanidade, respeito e amor ao próximo, e no mais, porque nunca sabemos na verdade quem pode ser nosso interlocutor num primeiro contato. Ou seja, ser amável, é sempre vantajoso, afinal, nos torna mais felizes... E completos...