Nome de mulher

O que vou expor aqui provavelmente não será muito bem aceito por algumas mulheres, por motivos óbvios, mas é uma realidade constatada e certamente levada em conta pela parte que vou citar agora como protagonista de uma esperteza comercial que provavelmente nada tem de ilegal - haja vista que uma empresa do porte dela certamente não faria nada sem orientação e amparo legal. Justamente por isso denominei "esperteza comercial", assim como tantas outras que vemos por aí.

Não está em julgamento aqui o que a loja faz, mas sim, o comportamento tipicamente feminino (embora os homens também não estejam totalmente excluídos e nem poderia).

É notório que muitas mulheres não se atentam muito para valores quando decidem comprar alguma coisa, principalmente os chamados supérfluos ou de uso pessoal. Não dão muita importância também a juros e coisas do tipo embutidos em carnês ou boletos de pagamentos. É típico da natureza feminina conseguir a qualquer preço seu objeto de desejo - sem se preocupar muito, portanto, com o valor a ser pago ou com os acréscimos que porventura possam ser colocados no valor inicial da compra.

Não fosse por isso nada justificaria o que uma loja de departamentos, especializada em artigos femininos, está fazendo. Em vez de emitir um carnê com todas as prestações (como faz uma loja de eletrodomésticos, cujo impresso de cobrança comporta naturalmente 12 prestações num só documento e sem taxas extras. Citei esse exemplo porque era o que eu tinha em mãos) ela simplesmente emite um impresso para cada prestação e em cada uma delas cobra uma taxa de R$ 1,95 a título de administração com a descrição "Tarifa de processamento de fatura" e R$ 1,90 de seguro com a descrição "A Loja protege".

O que deduzimos disso? Que as demais lojas seriam ineficientes ou administrativamente negligentes? Afinal, todas elas têm funcionários, computadores, gastam tinta e papel para imprimir seus boletos e não cobram essa taxa administrativa - se é legal, por que todas não fazem o mesmo de forma generalizada?

Quanto à taxa do seguro, percebe-se que não se trata de uma seguradora particular, mas sim, de um sistema de seguro interno implantado pela própria loja - a favor de quem afinal? Não seria da própria loja? Que interesse teria o cliente nesse seguro? E se é um seguro voltado para os interesses da própria loja, por que o cliente deve pagar por isso? E de que forma essa seguradora está inserida na razão social da empresa?

Mas a pergunta final não é reservada à loja e sim aos clientes: por que aceitam isso passivamente, sem analisar os prós e contras, sem questionar as razões disso tudo? Vi um boleto cujo valor total da prestação era de R$ 15,87 e nele estavam embutidos R$ 3,85 de taxa - o que representa 32% sobre o valor de compra da prestação que era R$ 12,02.

Podemos dizer, com base nisso, que num faturamento hipotético de R$ 3.123.000,00 (pouco mais de três milhões de reais), a rede de Lojas Marisa embolsaria somente a título de taxas R$ 1.000.295,00 (UM MILHÃO DE REAIS) - dos quais praticamente a metade a título de seguro - meio milhão para garantir os prováveis inadimplentes com o dinheiro dos bons pagadores.

Seus clientes são distraídos ou irresponsáveis na administração do próprio dinheiro? Pode ser... Querem saber, acho que a maioria das mulheres não está nem aí... e é claro que essa rede de lojas conhece muito bem a característica ou tendência tipicamente feminina e certamente aposta nisso. Só que, obviamente, com as cartas marcadas garantir a vantagem só para si.

Não seria por acaso, ironicamente, que usam como propaganda em seus impressos um cacho de bananas... Foi-se o tempo em que banana era barata e, sem querer talvez, acaba sendo muito sugestivo pelo outro motivo que todos conhecem tão bem através da nossa cultura - seja literalmente pelo uso do braço ou pelo apelo sexual como mensagem subliminar.

Sugestão à Loja: se querem continuar cobrando a taxa administrativa e se ela realmente é legal, pelo menos o façam uma vez só emitindo um único boleto com todas as prestações. O trabalho de impressão e administrativo é um só, o cliente economiza com isso e a rede não gasta um centavo a mais. Quanto ao seguro, não consultei nenhum especialista, mas sou capaz de apostar que tem algo errado aí, não estaria na hora de abolir? Até onde sei seguro é facultativo, mas me parece que ao cliente não é oferecido opção senão a de pagar o que já vem embutido na prestação de forma aparentemente arbitrária – até porque já está no total da fatura e só aparece a título de ilustração no demonstrativo de despesas.

Sugestão aos clientes (em geral): prestem mais atenção nestes detalhes antes de aceitar ofertas tentadoras das lojas – principalmente quando oferecem cartões exclusivos (leiam bem as letrinhas miúdas do contrato). E, se não sabem, aprendam a fazer contas, usar a regra de três e calcular juros. Analisem o valor total da compra e de que forma será emitido o boleto (se todas as prestações virão num só impresso ou se será emitido um impresso para cada prestação). E, principalmente, se haverá taxa administrativa e se ela incidirá uma vez só no valor total da conta ou se virá todos os meses em cada parcela (imagine o efeito cascata que isso causa e que se reflete no valor total a ser pago). Quanto ao seguro... sem comentário! Afinal, suponho que quem deve (por opção) pagar seguro de algo (seja lá o que for) é o próprio beneficiário e não o contrário!

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 04/02/2011
Reeditado em 20/02/2011
Código do texto: T2771333
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.