O RESGATE DA FLOR

Resgatei uma flor nativa que fora raptada pelo vento.

O vento impetuoso se constituíra em ameaça à curta e sublime existência da singela e amável flor. Mas minhas mãos se fizeram generosas e resgataram-na e acolheram-na.

Hoje esta singela flor capturou o meu olhar, que passou a brilhar intensamente, diante do sentimento inerente a esta flor que agora me sorri.

O existir dessa flor é como o meu existir: tem mistério, beleza e leveza em suas cores. E no seu perfume: nostalgia.

Tem mistério, grandeza e superação nas minhas dores e alegria. E na minha missão: perfume no ar de cada novo dia.

Acolher uma flor que o vento raptou e que entre a terra e o céu se encontrava ao léu, é construir uma metáfora humano-divina. É como promover o resgate de uma vida, bela e frágil, humana e passageira.

Vida em flor

Flor em vida

Cores, valores e odores do EU que está no NÓS e do NÓS que está no EU.

Quem reage ao iminente risco que corre uma flor que o vento impetuoso carregou não pode ficar inerte diante da sensível e humana dor, da arrebatadora e tênue alegria que marca o cotidiano do ser humano.

Quantas flores-gente jogadas e largadas ao vento!

Quanta gente-flor, havida por cuidado, apreço e amor!

Esta reflexão é como o pólen da flor.

O vento e o tempo até podem seqüestrar.

Mas algo de novo haverá sempre de vingar.

É como folha seca. O vento a carrega e ela se junta as outras folhas para adubar o chão.

É este o sentido de uma reflexão.

Acolher, cuidar, ouvir, compartilhar: juntar as mãos para construir novas possibilidades e gerar o encontro entre o sentido de viver e o sentido do trabalho. Viver e trabalhar de forma cooperativa e solidária conduz ao sentido da missão, que significa cuidar das pessoas com a mesma delicadeza e atenção que o jardineiro cuida da flor.