O DIA SEGUINTE ( para Kaká)
José Ribeiro de Oliveira
Eu queria tanto ver o teu rosto,
Queria ler o teu pensamento,
Queria perceber a tua sensação,
Queria descobrir os teus sentimentos,
Ao saber que não estou mais aqui.
Quando souberes que isto foi o que restou de mim.
Queria tanto saber se povoarei teus pensamentos,
Se compartilharei, na lembrança, os teus momentos,
Se reservarás uma deferência coerente ao meu nome,
Se cultivarás a minha memória,
Se preservarás a minha imagem,
Se dirás que de mim em ti ficou alguma lição,
Se lembrarás de mim pelas mágoas ou pelas legrias que te causei.
Queria tanto que soubesses o quanto me dei.
Queria que soubesses que, dentre as coisas que deixei, és de quem mais sentirei saudade (se isto ainda puder sentir).
Queria tanto ainda existir na retina dos olhos teus.
Queria imensamente que me deixasse viver pelo menos na memória dos versos que te escrevi.
Queria ser imortal na tua lembrança, até o dia que me seguisses.
Queria que me invocasse como teu anjo da guarda, pois onde eu estiver, julgo que assim serei, eternamente.
Queria que te sentisses feliz pelo pouco que a vida nos concedeu juntos.
Queria te pedir perdão pelo que fiz contrariando-te.
Queria que me perdoasse pelo que não fiz, contrariando-te.
Queria que me lembrasses nas tuas orações, nas tuas alegrias e nas tuas reflexões, pois nossas almas conviveram, nas emoções da carne e nas sensações dos nossos espíritos.
Queria, finalmente, que existisse um outro lugar onde eu pudesse te encontrar novamente, para fazer tudo que fiz por ti, e te amar sem os erros que cometi.
O mundo não teria nenhum significado, se todos fossem perfeitos.