Ho, Ho, Ho...

Acabei de ler uma crônica genial da Anita D Cambuim que até me lembrou uma passagem da minha vida , quando na maior dureza, topei atacar de papai Noel num centro de lojas, aqui mesmo no Rio de Janeiro. Trabalhei durante vinte cinco dias com aquela roupa quente como o inferno.

Ainda para agravar, tinha uma barriga postiça que aumentava a sensação de calor a um nível insuportável. Sem contar com a barba e a maquiagem, que provocavam uma coceira dos diabos. Eu acho que eu fui o Papai Noel mais ridículo que já se viu. Resisti bravamente até o último dia , 24 de dezembro. Só pensava em receber minha grana e voltar pra casa correndo e passar o Natal com a família. Recebi o meu pagamento que valia um pouco mais de dois salários da época. Foi quando me apareceu um senhor bastante simpático querendo me contratar para fazer O “bom velhinho” naquela noite de natal. Queria fazer uma surpresa para os netos. Ele mesmo fez o preço. Quinhentos reais!! Era muita grana para ganhar num dia só. Daria para sair do sufoco por um tempo razoável. Nem voltei pra casa. Passei o resto do dia na casa de um amigo, esperando, para chegar na hora combinada.

Era um prédio pra lá de luxuoso no bairro do Leblon. Falei com o porteiro, que já estava avisado da minha chegada e havia combinado que eu trocaria de roupa no quartinho do zelador. Estava tudo correndo bem. Vesti a roupa, me maquiei, tudo certinho. Afinal, quinhentas prata... , Não era para relaxar. Enchi o saco com os brinquedos guardados com o porteiro, e seja lá o que Deus quiser...

O apartamento duplex , em matéria de luxo, não conheci igual. Adentrei o recinto fazendo todas as gracinhas pertinentes à função, fui até fotografado com uma velhinha, que ficou emocionada . Entreguei os brinquedos para dois meninos insuportáveis e mal educados. Havia também um outro menino pequeno, parecia um convidado, de uns três anos por aí, que também ganhou um brinquedo e ficou todo contente. Me abraçou e me acompanhou até a porta segurando a minha mão. O dono da casa me passou discretamente a grana e eu me despedi do menino. Acho que me emocionei...

Quando voltei para o quartinho do zelador, para mudar de roupa e limpar a maquiagem, ele ficou admirado.

Já acabou? Não tem nem quinze minutos que o senhor subiu... Caramba, isso é que é ganhar dinheiro mole!

Ta claro meu chapa! É por isso que o Bom Velhinho faz ho, ho, ho...