BARRADO NO CASAMENTO

...Era uma linda noite de sábado no apogeu de uma Primavera. A alegria estava no ar; As expectativas estavam no ar; A serenidade estava no ar. O ambiente era de total aconchego. O local amplo e cuidadosamente decorado, era parte da paisagem bucólica, que sugeria a apreciação de cada privilegiado que ali se encontrava.

Enquanto aguardavam a chegada dos protagonistas, os convidados todos de postura e indumentárias elegantes, se cumprimentavam e se confraternizavam, degustando da farta e variada bebida; Da saborosa e abundante comida e, desfrutando também, da bela e suave música erudita tocada por uma orquestra talentosa e de estilo distinto. O bolo era um espetáculo à parte. Era um monumento doce de três andares, cujo último estavam as figuras dos noivos opulentes e felizes. O clima era descontraido e de satisfação total.

Finalmente a noiva, chegou. Todos os olhares voltaram-se para ela. A comoção foi geral. Iria iniciar o tão esperado momento cerimonial. Coisa mais linda, jamais alguém vira igual.

O piso de grama natural verde oliva realçava o longo tapete vermelho lhe estendido. O noivo de mãos dadas com sua genitora foram os primeiros a cruzá-lo sob aplausos e admiração.

A seguir os padrinhos e testemunhas fizeram o mesmo trajeto.

Na sequência uma criança do sexo feminino desfilou majestosamente sobre o glamoroso tapete, conduzindo as alianças, símbolo da perenidade que minutos mais tardes selaria a união dos proponentes.

Depois uma outra criança também do sexo feminino de aparência angelical que mais parecia ter descido do céu em plumas, caminhara lenta e delicadamente e, com gestos singelos, atirava pétalas de rosas brancas ao seu redor, tirando-as de uma pequena cesta ornamentada com laços de fita de seda, anunciando e perfumando a passagem da noiva, que por fim, de braços dados com seu pai e ao som de uma corneta entoando a marcha nupcial com o auxílio luxuoso de uma harpa, arrebatando sorrisos e lágrimas dos presentes, caminhara radiante ao encontro de sua outra metade que se encontrava de um lado da ponte e ela partiria do outro lado, para se encontrarem no meio.

Naquele momento formariam uma unidade para sempre.

Todos que assistiram aquele inesquecível e inigualável momento, incluindo o córrego embaixo da ponte jorrando a água da vida, testemunharam e abençoaram o "SIM" e o "BEIJO" .

Tudo divino, tudo maravilhoso, tudo perfeito e impecável, mas... O "AMOR" não fora convidado. Esqueceram-no!

Humilde como ele só, ainda tentou entrar, mas fora barrado.

Que pena! Que desperdício...