O amor odeia clichês
Lembro-me quando era jovem e terminava um namoro, então meu mundo se acabava e demorava umas três semanas para me dar o xeque-mate. Lá estava eu, prostrado na cama sem lençol, com a maior ressaca do mundo, dizendo a mim mesmo que nunca mais amaria de novo, e não sairia nunca mais na rua pra não correr o risco de encontrar a ex com um “bração” cabeludo passado no pescoço dela, parecendo coleira. Eca!
Bem, a verdade é que depois dessas três semanas, eu começava a perceber o quanto estava sendo idiota, e logo começava a galinhar. O tempo ia passando, e quando eu começava a me adaptar à vida de solteirão comedor, meu coração me metia logo em outra enrascada. (no bom sentido, viu, minhas ex-amadas). E tudo recomeçava. Minha vida é impar! Não que a sua não seja, mas perdi as contas de quantas vezes fiquei noivo, juntei os trapos, ou coloquei aquelas aliançazinhas de compromisso feitas de moedas antigas. E segue dama.
Moro sozinho (?) desde os treze anos, e domingão agora completo meus trinta e cinco verões, o que me fornece certa bagagem, afinal continuo solteiro, depois de mais uma tentativa frustrada de ser feliz para sempre. Já não saio mais comendo qualquer gatinha (tanto eu quanto elas estamos mais seletivos!), e segundo “alguns amigos”, agora já quase quarentões, tenho o péssimo hábito de ser fiel quando estou namorando, o que, segundo outros, dificulta o sucesso da relação.
Costumo dizer que o amor odeia clichês, ah! Dirão alguns: isso é um clichê! Que seja, cada mulher tem um toque, um cheiro, uma fragrância única, íntima, poderosa. Cada mulher possui um olhar que cativa, prende, incendeia. Cada mulher me devora, ora caliente, ora carente, ora louca, ou apaixonada loucamente, às vezes indiferente, às vezes de certas formas, como as formas de suas curvas, ou as curvas que não têm. (Digo até por desdém!).
A impressão digital do sexo, do carinho, da palavra, dos pés na bunda que tomei! Ah! Isso é tudo incomparável! Invencível! Mais forte que eu!
Meus amores odeiam clichês, (deve ser esse maldito vinho chileno, escusa-me). Sou o penúltimo romântico, apaixonado por engano, cego por desejo, calado pelo pejo que me arrasta silencioso aos segredos da alma feminina. Aprecio um bom vinho, falo manso, apego fácil, pego forte, doce, ao ritmo da dança ou do perfume da mulher que me encanta.
Aceita uma taça de vinho, senhorita? Será um prazer conhece-la!
*Leia também meu blog: www.palavrasemfim.wordpress.com