Terra de pedras
Hoje vi Ouro Preto por outro ângulo, talvez invertido, trocado. Vi/vejo uma rotina atrapalhada,mulheres roubando em adros de igrejas, turistas achando tudo uma grande diversão, senhores dançando como se estivéssemos em pleno carnaval. Olhe ao redor, o que vê? Vejo caixas de fósforos em formatos de casa, vejo crianças falando como adultos, vejo desperdício. Desperdício de vida. Agora aquilo que vejo se transforma, aquilo que antes era opaco, toma cor, vida, mas e aquelas vidas? Tornam-se vidas novamente? Talvez não, talvez a mulher que rouba apareça mais tarde, para encher-se de algo, mesmo que sejam carteiras e celulares.Que poder é esse que acreditamos ter? Não temos, acreditem, não temos. Não é desesperança, é realidade. Por que enquanto ocupamos um espaço “novo”, os donos dos mesmos necessitam vida e refeição. Talvez a mulher que rouba seja a mais verdadeira, talvez,não sabemos ao certo, mas talvez enquanto estivesse lá se aproveitando de jovens artistas, em sua casa já não restasse mais nada além de pequenos sem nada.