O Garoto do deserto
A morte é inflexível. Pelo menos deveria ser.
Aquele garoto desconhecido de uma cidadezinha abandonada conseguiu respeito da Ceifadora de Almas. Ele se tornara uma lenda.
Quando decidiu que não morreria, após presenciar a morte dos pais, ele jamais imaginaria que estivesse desafiando o fluxo natural da vida. Uma decisão assim, até para a própria morte, era notável!
Ainda ingênuo, possuindo apenas nove anos ele se encontrou, face a face, com a Irremediável. Ela o encarou nos olhos e sentira medo pela primeira vez. "Humanos são realmente assustadores!" - ela pensou.
O Sol escaldante do deserto, com nuvens colossais pairando ao seu redor, desenhavam sombras negras no rosto do garoto, deixando-o ainda mais fantasmagórico. Ela ergueu sua ceifa para decepá-lo, mas antes que pudesse concluir seu ato frio,um Éolo, que mais parecia uma adaga de gelo, lhe rasgou a espinha fazendo-a desistir. Aquele garoto do deserto, não se sabe como, não tinha receio nenhum da Morte. Talvez fosse seu afã de viver!
Mas permitir que ele vivesse estava fora de cogitação!
Confronto!
Ela acabara de torna-se sua própria inimiga íntima.
Morte!
Ela caiu de joelhos, com lágrimas transbordando dos olhos, escorrendo por sua face e extinguindo seu legado.
Lenda!
A Implacável chorou de joelhos diante do garoto do deserto enquanto virava uma nuvem de que se incorporava às partículas de areia que os rodeavam.
Misericórdia!
O menino sentiu compaixão da Morte e desejou tornar-se parte dela, entregando-lhe o que tinha de mais precioso: sua vida.
Renascimento!
O deserto renasceria com um belo oásis, que representaria para sempre, o resultado que se tem quando vida e morte se fundem e ambas desaparecem juntas!