BABEL EM NATAL

BABEL EM NATAL

 

Em Maio, fui à Natal apresentar um artigo no 1º Encontro Latino Americano de Estudos sobre a América Latina (um encontro repleto de índios,integrantes de movimentos sociais e argentinos).

 

Como o encontro envolvia países de língua portuguesa e espanhola, resolvemos fazer um artigo bilíngue. No dia da apresentação estavamos lá. Eu e uma colega como autores e uma platéia enorme. Cada apresentação deveria durar em média quinze minutos. Fomos o último e, graças a minha participação, o mais polêmico.

 

A minha colega fez as apresentações do artigo, eu fiquei responsável pelas considerações finais e por contextualizar as citações em espanhol para os brasileiros e se os demais sentissem dificuldade em entender o português eu dava uma ajudinha como tradutor. Tudo transcorreu bem, do início ao fim, porém, um dos professores da banca teve uma dúvida, não quanto ao tema apresentado, mas sim, sobre uma palavra em espanhol que foi dita e ele não entendeu.

— “Meu jovem, durante a sua fala me surgiu uma dúvida sobre o que seria “ALQUERIA”.

Pois bem, respirei profundamente, olhei para a minha companheira, ela vez um sinal negativo com a cabeça, então percebi que nesta eu estava só, sem dicionário, sem internet, só me restavam os universitários e, que para a minha alegria, tinha para mais de cem. mas a minha alegria dourou pouco, pouquissímo. Ninguém sabia. Nem os paraguaios, mexicanos e argentinos.

—“Como é mesmo a palavra?” É Alqueria.

—“ Com U ou com L? Com L.

— Soletre por favor, (pronto, agora estou naquele programa da TV) A-L-Q-U-E-R-I-A. Mesmo assim ninguém soube.

Então, alguém falou que talvez essa fosse uma palavra específica utilizada na Espanha e não nos demais países de língua espanhola. Surgiu  a ideia de falsa cognata.

 

Para encerrar a discussão tomei a palavra e disse que era assim mesmo. Que aqui e em Portugal ocorrem esses mesmo problemazinhos com as palavras e citei um exemplo. “Lá em Portugal, com essa pandemia de H1N1 o governo convocou os portuguese para entrar na bicha para tomar pica. Aqui isso significa que o governo está convocando os portugueses para entrarem na fila para se vacinarem contra o H1N1.

 

Com essa explicaçãozinha os brasileiros morreram de rir, os índios, mexicanos, paraguaios e argentinos não entenderam nada e um dos professores da banca ficou muito puto. Eu não sabia que ele era português.

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 18/11/2010
Reeditado em 01/03/2023
Código do texto: T2622349
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